domingo, 13 de maio de 2018

Lendas Escoteiras. Um Escoteiro tem uma só palavra...



Lendas Escoteiras.
Um Escoteiro tem uma só palavra...

                Lito Galante olhou para sua mãe. – Mãe, antes de o seu dia terminar eu estou de volta. Mercedes olhou para ele pensativa. – Filho não falte, acho que será meu último dia das mães! Lito Galante com sua pose de chefão resmungou: - Mãe não fale assim, vai viver muitos e muitos anos. Mãe eu sou escoteiro, e o escoteiro tem uma só palavra! – Lito havia combinado com Tadeu e Morato para uma jornada até o pico do Gavião. Uma pedra em frente a sua cidade que encantava a todos. Muitos que gostavam de Voo Livre eram frequentes. Grandes campeonatos ali se realizavam.

                Lito Galante era um apaixonado pelo esporte. Fora do Escotismo que praticava desde criança e agora adulto e atuando como Chefe, ele amava esse esporte radical que utiliza as térmicas (atividades térmica e do vento na camada limite atmosférica) para realizar seus voos. Eles iriam de carro, pois uma estrada serpenteando a montanha os levava até próximo ao cume. Tadeu também iria pular e Morato ficou encarregado de ir busca-los em seu destino, uma cidade próxima há quarenta e seis quilômetros de distancia.

                Eles faziam isso a cada trinta dias. Lito tinha bons monitores e as patrulhas antigas tinham condições de realizarem suas tarefas independentes da chefia. No sábado anterior repassou com eles em Corte de Honra tudo que seria feito.  A Patrulha Águia já havia programado um acampamento no Horto Florestal. João Colosso o administrador fora escoteiro e nunca negou acampamento, pois sabia que os escoteiros fazem questão da segurança e a preservação ambiente.

                A Pica Pau e Morcego iam pela manhã de sábado fazer um adestramento de medidas de distância altura e iriam montar um croqui até Serra Queimada onde muitos escoteiros se perderam. Só a Quati ficaria na sede. Eram a Patrulha de serviço do mês e queriam mudar o estilo das mesas armários e o almoxarifado. Sempre atrás dos pontos que poderiam fazer deles uma Patrulha padrão. Lito Galante orgulhava dos seus escoteiros. Tinha plena confiança e nunca foi decepcionado. Partiu tranquilamente para o Monte do Gavião.

                 Abraçou sua mãe chorosa e sem perceber quase cancelou a ida deles. Sentia uma intuição estranha. Até o pico tudo normal. Tadeu pulou, ele despediu de Morato e saltou. Ele amava aquilo. O vento, a altura, a beleza da terra aos seus pés era demais. Sentiu que sua asa delta fora danificada. Algum pássaro que não teve como desviar. Um vento forte subindo o rio o pegou de jeito. O elevou nas alturas e só quatro horas depois ele tentou um pouso forçado.

                Lito Galante não sabia onde estava. O pouso não foi perfeito. Ele viu que seu joelho havia se quebrado. Improvisou uma tala com madeira seca e seu lenço. Doía demais. Meio dia. O sol a pino. Ele em uma ravina de difícil acesso. Dificilmente Morato iria conseguir encontrá-lo. Pensou na sua vida, pensou na promessa que fez sua mãe. No ano anterior foi acampar e não ficou junto dela no seu dia. Ela chorou quando ele chegou de madrugada. Ele chorou também.

               Era sábado, quem sabe seria achado antes do escurecer. Duas honras da tarde, três, quatro cinco e o sol se pôs atrás de uma montanha desconhecida. Lito Galante sempre foi escoteiro. Deveria estar preparado para este tipo de acidente. Não estava. Nunca acreditou que o pior aconteceria com ele. Escureceu. Enrolou-se no tecido da asa delta que de tão bem colocada foi difícil de cortar. Um frio enorme. Sem isqueiro sem fósforos andar um sacrifício. Achou que ia morrer.

                Não dormiu. Insetos que ele achava conhecer o incomodavam. Ruídos no capim ruídos que ele não conhecia e um rugido que o fez tremer. Afinal ele pensou escoteiros não deviam estar preparados? Ele não estava. O sol apareceu no horizonte. Viu que eram seis da manhã. Um ruído de um helicóptero o pôs alerta. Fez sinal pousaram perto. Homens da equipe de salvamento o levaram até o hospital da cidade. Medicado enfaixado e entalado (risos) recebeu alta.

                Na porta de sua casa uma multidão e sua tropa escoteira. Tinha amigos muitos. Carregaram-no até a sala onde sua mãe o esperava. Olho no relógio, onde da noite. Levantou pulando em um só pé foi até ela. Abraçou, beijou, com lágrimas escorrendo pediu perdão. Nunca mais mãe, nunca mais. Palavra de Escoteiro. Sua mãe sorriu. Palavra é fácil de dizer, mas nem sempre serão cumpridas. Pode haver um pormenor e com ele aconteceu.

                 Quando foi dormir fez uma prece agradecendo a Deus por tudo que aconteceu. Uma lição. A vida nos reserva surpresa. Como dizia o Chefe Monfaz, nunca prometa nada, diga sempre que vai fazer o melhor possível e procure fazer, mas não prometa! Afinal prometer é ponto de honra dos escoteiros. Deixar de cumprir é faltar com a palavra e nós nunca devemos faltar.

Nota - Lei escoteira é um código de conduta, assumido ao se realizar a Promessa escoteira, onde se retêm as principais características do movimento escoteiro. Um escoteiro é verdadeiro. Um escoteiro é leal. Um escoteiro é útil. Um escoteiro é amigável. Um escoteiro é alegre. Um escoteiro é atencioso. Um escoteiro é econômico. Um escoteiro é corajoso. Um escoteiro é respeitador. Um escoteiro é limpo de corpo e alma. E você? Tem feito o melhor possível para ser um escoteiro?

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Era uma vez... Em uma montanha bem perto do céu...

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