segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

Em volta da fogueira... Vadico... E uma serenata ao luar.



Em volta da fogueira...
Vadico... E uma serenata ao luar.

                              Enfim de volta ao campo! Saudade danada de dormir sob o luar ou sob um céu estrelado. Quantas vezes fiz isto? Perdi a conta. Era bom demais. Sozinho eu Deus e a natureza em flor. Bom demais ficar quieto, mudo, silencioso, ouvindo a floresta, os bichos, pássaros e afins em todo seu esplendor. Meu bastão explorava a trilha, batendo o mato verde, mas com cuidado para não machucar uma plantinha que fosse desabrochar. Eita mata linda! Copada, verde que te quero verde... O poeta canta em voz doce e suave que tudo na natureza depende da forma como se vê...

                           Linda demais para ser esquecida. Devia ser sempre olhada e amada. Cheguei onde queria chegar. Um pequeno oásis em plena floresta, pássaros cantantes, brisa gostosa, sombras fincadas embaixo das asas de uma árvore adormecida. Parei e cantarolei meus versos de amor. Mostrei meu apreço por um lugar tão lindo e dizer que se morrer ali irei com certeza para o céu! Insigne natureza em flor, que se esgueira longe do asfalto, como és bela, delicada e forte...

                          Arvorei uma lona lonada para as chuvas de verão se elas chegassem. Um galho verde alceado para segurar minha caldeirinha, onde iria surgir o feijão, uma sopinha, ou quem sabe um quentado de peixes do remanso no pequeno riacho que corria para o mar. Águas límpidas cristalinas para matar a sede de um ser vivente Escoteiro que ama acampar em plena natureza. Os sons eram lindos, galhos fazendo toada, passarada procurando seu ninho, onde os filhotinhos brotavam a olhar o Escoteiro passante que resolveu ali acampar.

                         Água fervendo, pó brincando nas asas da fervura, açúcar cande adoçando a cantilena de boas doses de um café puro coado em um coador de pano escolhido como o melhor. Tudo era paz e harmonia. Eu voltava no tempo dos meus sonhos reais de um passado que não quero esquecer. À tarde vai chegando de mansinho, escondendo entre as folhas os raios de sol que se recusavam partir.

                 A noite chegou. Esplêndida na mata fechada. Pouco se via o clarão das estrelas, brilhantes piscantes deixando passar vez ou outra um cometa intrometido, na sua viagem sem destino, mas que alegravam as moçoilas que na terra olhavam para o céu pedindo um amor de um príncipe, que fosse apaixonado, educado, cavalheiro e que desse a ela toda sua paixão. Um pardal procurando seu ninho voou ao meu redor. Picotou à moda do Pica Pau um galho onde ia dormir. Esperava a rainha da noite chegar.

                 A coruja de olhos verdes cedo ou tarde iria grasnar me cumprimentando e sorrindo para mim. Com aqueles olhos grandes, quem sabe esverdeados, na cumeeira de um Jatobá centenário arrepiando seu canto apaixonado. Tão longa a distancia tão longe a saudade e tão bela espera, lá estava ela, a rainha da noite dos meus sonhos de verão. Cantei uma canção para ela, e ela agradeceu com duas balançadas de cabeça aprumada como se fosse sorrir. Onze horas a noite já avançava para a madrugada.

               O foguito pequeno quentito batatas cozidas, bananas na fieira, que mais eu iria querer? Hordas de vagalumes chegavam sem pedir mostrando seu brilho soltavam chispas para mostrar quem manda no lugar. Quanta felicidade! Quantas saudades de tantas noites que acampei. Quantas vezes meu anjo protetor sorria me dizendo que ali era Nosso Lar. Ah! Natureza em flor. Se você não é minha nem eu sou seu, porque brilha tanto no teto do céu?

                       Disseram-me certa vez que vivendo de acordo com as leis da natureza, nunca serei pobre, mas não serei nada se viver pensando nas opiniões alheias, pois elas nunca me faram rico. Fechei os olhos e deixei a brisa da noite me levar... Quantos montes, quantos horizontes viajei com a brisa e a natureza que abrilhantava o lugar?

                       Ah! Quanta felicidade! Bem perto uma sonata de Uirapurus tocava como se fosse uma orquestra de violinos mágicos. A música é celeste, e a natureza divina realça tal beleza que encanta a alma e nos eleva acima do que somos, pois eu sabia que a natureza não faz nada em vão. Dormi sonhando apaixonado esperando o amanhecer. Queria ver o sol brilhante entre as folhas das belas arvores do lugar. Não deu, tudo que eu não queria aconteceu. – Marido! Hora de acordar, o café está pronto e fiz bolo de pastel de queijo. Levantei sorrindo, mas com saudades dos meus sonhos e da minha natureza em flor!

Nota – E a poetiza no alto de sua sabedoria me disse: - Quem me compra um jardim com flores? Borboletas de muitas cores? Beija flor e passarinhos ovos verdes e azuis nos ninhos? E ela mesma respondeu: - Plante seu jardim, decore sua alma, ao invés de esperar que alguém lhe traga flores. Quem sabe um dia parto sem ninguém saber para acampar em meu Edem feito de Jângal, Matas, Florestas lindas e frescas do meu País?

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