quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Lendas da Jângal. O Lobinho Naldinho e a terrível Casa do Espanto. Historias para lobinhos.


Lendas da Jângal.
O Lobinho Naldinho e a terrível Casa do Espanto.
Historias para lobinhos.

                Naldinho estava na janela olhando de soslaio para que ninguém o visse. Olhava uma casa em frente a sua. Fazia isto sempre a noite para que sua mãe não soubesse que ainda estava acordado. Seus Pais achavam que ele estava dormindo. Dormia cedo. As nove já subia para o seu quarto. Mas desde o dia que foi fechar a janela por causa de um vento frio balançando as cortinas, que ele viu uma fumaça descer pela chaminé da casa vizinha. Naldinho tinha nove anos. Era lobinho da matilha amarela. Com dois anos de lobinho todos na alcateia gostavam muito dele.

                Foi promovido a Primo e já conseguira sua Primeira Estrela. Sabia que em breve receberia a segunda estrela e quem sabe o Cruzeiro do Sul. Ele ficava a um canto da janela. Tinha medo. Mas porque a insistência de ficar olhando para a casa vizinha? Esperou às onze da noite. Era a hora que as assombrações apareciam entrando pela chaminé. Todos os dias era sempre assim.

              Naldinho lembrava quando ao chegar da escola não viu a placa de vende-se na casa que fora de Dona Matilde. Seu Geraldo morrera e ela resolveu ir embora morar com a filha em uma cidade do interior. Naldinho ao beijar sua mãe perguntou quem era os novos vizinhos. Sua mãe disse que não viu ninguém. Não houve mudança. Durante muitos dias a casa ficou fechada até naquela sexta feira quando levantou para ir ao banheiro viu as aparições entrarem pela chaminé. Todos os dias eram assim. Ouvia barulhos de portas e janelas batendo. Porque seu pai e sua mãe não ouviam? E as luzes violetas e roxa piscando pela casa?

              Naldinho não sabia quando terminavam. O sono chegava e ele ia dormir. No primeiro dia comentou com sua mãe. Ela como sempre disse que ele estava vendo muito filme de terror. Engano. Naldinho nunca viu nenhum, pois sempre teve muito medo. Na reunião de sábado comentou com Princesa, a sua segunda (o nome dela era Paty) sobre o acontecido. Ela acreditou. Sapinho o terceiro da matilha também (seu nome era Norberto). Os três eram grandes amigos e da mesma Matilha e colegas de classe. Naldinho os convidou para um dia verem os fantasmas noturnos entrando na casa. Sabia que a mãe de nenhum deles deixaria.

              Foi então que teve uma ideia. – Porque não combinar com as famílias e vocês irem dormir lá em casa uma noite qualquer? Inventamos um trabalho para a alcateia. Uma das mães perguntou a Akelá Noêmia e ela não se lembrava de nenhum trabalho. No sábado após a reunião, Naldinho propôs aos dois irem até a casa e tentar entrar. Sapinho tremeu e disse que tinha medo. Princesa apesar de ter duvida topou na hora. Nem bem a reunião terminou saíram correndo, pois se atrasassem na chegada em casa ia ser um Deus nos acuda!

              Procuram alguma janela para entrarem e viram que todas estavam abertas. As portas também. Entraram. Sala vazia. Sem móveis. Cozinha nada. Subiram ao andar superior. Um cheiro de queimado. Um quarto totalmente vazio. No segundo quarto uma surpresa. Cordas, velas, uma machadinha, um facão, potes cheios de uma coisa vermelha (seria sangue?) e muitos gravetos num canto. Princesa começou a chorar. – Calma disse Naldinho não tem ninguém aqui. Entraram em outro quarto e viram uma cama sem estrado. Um emaranhado de arame farpado fazia às vezes de colchão. O que era aquilo? O que significava?

              Sapinho começou a tremer e também a chorar baixinho. Ele e a Princesa pediu para irem embora. Desceram as escadas devagar e foi então que um barulho enorme com as janelas batendo e fechando. Correram até a porta de saída e ela estava trancada. Tentaram abrir e nada. Começaram os três a soluçar e chorar alto. Meu Deus! E agora? Sentaram em um cantinho debaixo da escada e ficaram ali tremendo de medo e chorando. Viram as sombras aparecerem pela saída da chaminé. Sapinho se agarrou a Naldinho e a Princesa. Todos de olhos arregalados.

              Foi então que alguém lhe falou em pensamento. - Naldinho, você é o Primo, você é o responsável. Num raio de coragem ficou em pé e gritou: – Eu não tenho medo! Sou lobinho! O lobinho é forte! – As sombras riram. Foram até eles e os pegaram levando ao andar de cima onde foram amarrados e amordaçados. Umas das sombras tomou vida. Um enorme tigre dentuço. – Queriam gritar e não podiam. Seria o Shere Khan?

            Não tinha jeito. Viram que as sombras iam fritá-los na fogueira. Não podiam gritar e pedir socorro. Naldinho não desistiu. Fechou os olhos e pediu a Deus, a Jângal, aos seus irmãos lobos que não os deixassem morrer. Um clarão enorme quase os cegou. Quando abriram viram um enorme Urso, uma enorme Pantera a gritar para Shere Khan: - Você não desiste mesmo não é seu Tigre Manco! Vamos lhe dar uma lição. Shere Khan deu enormes gargalhadas e sumiu na fumaça. Bagheera e Balu soltaram os três. Baloo o urso grandalhão e amigo os aconselhou – Nunca façam o que sabem ser errado. Vocês conhecem a Lei do Lobinho – “O Lobinho ouve sempre os velhos lobos”. E os dois também desapareceram.

            Cada um saiu correndo para suas casas. Naldinho Princesa e Sapinho aprenderam a lição. Nunca mais faremos isto disseram. O Lobinho ouve sempre os velhos Lobos e sempre iriam consultar seus pais, a professora e a Akelá. Na segunda feira Naldinho viu outra placa de vende-se. Quem iria alugar a casa do Espanto? Pensou – Para ele agora tanto fazia, pois só queria distância.  A máxima da Jângal nunca mais seria por ele esquecida. No seu pensamento dizia que devia pensar primeiro nos outros, dizer sempre a verdade, abrir os olhos e ouvidos andar sempre limpo e sempre alegre.


            E foi assim que o Lobinho Naldinho aprendeu que a Casa do Espanto está na mente dos lobos que não aprenderam a obedecer aos seus chefes e seus pais. 

Nota de rodapé: -  Quero dizer-vos a diferença entre o lobo e o homem; nenhuma, exceto uma, na velhice... O lobo entra nos bosques para esperar o seu fim sozinho: o homem, quanto mais sente que a morte se aproxima, mais busca companhia, mesmo se ele se aborrece e se ela o aborrece. Melhor Possível aos lobos da Jângal!

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Era uma vez... Em uma montanha bem perto do céu...

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