sexta-feira, 18 de agosto de 2017

Lendas escoteiras. Os heróis não tem idade.


Lendas escoteiras.
Os heróis não tem idade.

                    Mariel não sabia mais o que fazer. Seus pais só diziam não. Ela tinha um sonho, dizem que meninas de sete anos não sonham, mas não é verdade. Podia até ser um sonho novo que substituiu a boneca Modelmuse 2013. Seus pais diziam que era muito cara e ela estava crescendo muito depressa. – O que você quer de Papai Noel perguntou seu pai? Ela abaixou a cabeça e disse – Quero ser escoteira! Ela já sabia a resposta. Desde o dia que pediu para participar que seu pai e sua mãe foram contra. – Nem pensar, não vou deixar você ir para o mato, dormir em barraca e pode aparecer uma cobra ou um bicho qualquer. E se forem para longe? Sabia que sumiu um Escoteiro no Pico do Roncador? – De novo seu pai perguntou o que ela queria de natal. Ela não disse nada. Eles sabiam o que ela queria. Um dia sua mãe comentou que eles eram esquisitos, vestiam uniformes e se achavam os tais. Sua avó contou que seu pai um dia queria ser um, mas não foi. Motivos? Ele nunca contou.

                      Mariel no computador leu sobre tudo sobre eles e o que faziam. Leu as histórias dos acampamentos, aprendeu as provas e se ela entrasse hoje já sabia de tudo. Havia meses que ela teve essa ideia e seus pais sempre negando. Chegaram ao ponto de dizer que se ela falasse mais no assunto eles a poriam de castigo. Sua mãe foi mais amiga, explicou o perigo que ela poderia correr. E se alguém a raptasse? Mariel disse sua mãe, moramos em um bairro nobre, seu pai é Presidente de uma Grande Empresa e não podiam facilitar. Dizer para sua mãe que havia outras crianças iguais a ela não adiantava. Todas as noites Mariel chorava.

                     Um sábado sua mãe foi com seu pai ao Mercado fazer compras. Dona Nana a cozinheira ficou responsável por ela. Mariel não perdeu tempo. Que seja o que Deus quiser pensou. Sabia ser errado desobedecer a seus pais, mas tenho que ir ela pensou. Se pelo menos eu pudesse ver o que eles estavam fazendo já seria uma alegria para mim. Pé ante pé abriu a porta da Mansão e passou sorrateiramente pela portaria do Condomínio. Sabia que não era perto. Ficava a duas quadras do seu colégio. Foram mais de uma hora a pé. Ela não sabia pegar ônibus. Não foi fácil. Sete anos era uma menina frágil. Nem as atividades recreativas do colégio eles deixavam. Chegou ao Grupo Escoteiro na hora do hasteando a bandeira. Ficou de longe olhando. Que belo espetáculo! Seus olhos se encheram de lagrimas. Era bonito demais. E os lobinhos e lobinhas correndo para formar? Que ordem, que disciplina. Ela já sabia que iriam fazer do Grande Uivo. Quem dera eu fosse uma delas. Sei tudo de cor! Disse.

                   Esqueceu-se das horas. Quando viu estava escurecendo. Ficou olhando para eles até o final. Correu a pé até sua casa e quase foi atropelada. Chegou já noite escura. Na porta carros de policia e parentes. Entrou pelos fundos. – Quem foi papai? Ela perguntou. – Meu Deus! Você está aqui. A mãe e o pai correram para abraçá-la. Eles choravam de emoção. Pensavam que tinha sido raptada. Mariel sabia que o lobinho diz sempre a verdade e contou tudo para eles. Contou com lágrimas nos olhos. Sabia que o castigo viria. E veio mesmo. Mais de dois meses sem computador e sem TV. Mariel não se incomodou. Ficou triste por ter feito tudo sem avisar, mas sabia que nunca eles deixariam ir. Todos os meses do castigo ela não parava de lembrar-se do que viu e sentiu. Ah! Se fosse verdade e eu fosse um deles sonhava.

                       Paolo, Billy e Eddy Mário iam para a reunião dos seniores. Todos eles antigos no grupo. Foram lobinhos e agora estavam se preparando para conseguir o Escoteiro da Pátria. Eram amigos desde a Tropa Escoteira. Uma amizade que perdurou por anos. Pararam no farol na esquina da Rua dos Tamoios com a Avenida Campos Gerais. Esperou o farol abrir. Local perigoso e com muitas batidas. Viram quando um Audi em disparada não obedeceu ao sinal e avançou a toda velocidade. Da Rua dos Tamoios um Utilitário azul da Toyota em velocidade normal com o farol aberto seguiu seu caminho. A batida foi forte. Uma explosão. O Audi ficou completamente destruído. O Toyota rodopiou sobre si mesmo e quando parou se ouviu uma explosão no motor. O fogo começou. Não havia o que pensar. Os três correram para o Toyota que pegava fogo. O Audi não estava em chamas. Paolo com se bastão quebrou o vidro da porta do motorista e tentou tirá-lo. Não conseguiu.

                          Nada é impossível para escoteiros. Eles não deixariam o homem morrer. Alguém gritou da calçada que o Toyota ia explodir. Corram daí se querem viver! - Gritaram. Billy pegou o bastão e foi para a outra porta. Quebrou o vidro e passou por ele. A porta estava emperrada. Cortou o cinto que prendia o homem com sua faca. Paolo e Eddy do outro lado arrastaram o homem para fora. O fogo aumentou. Billy sentiu seu uniforme pegando fogo. Pulou para fora do carro e rolou no chão rolando de um lado para outro. Conseguiu apagar, mas seu corpo teve diversas queimaduras. A Toyota explodiu. Graças a Deus ninguém morreu. O socorro chegou em seguida. O homem da Toyota estava desmaiado. No hospital Billy ficou internado por três semanas e saiu direto para a reunião de tropa. Precisava voltar. Nunca faltou. Que chovesse canivete, mas ele estava lá na sua Patrulha Pico da Neblina.

                       Quando Billy chegou uma salva de palmas e todos correram para abraçá-lo e ele dizendo não, pois as queimaduras não haviam sarado ainda. Aceitou aperto de mão, mas fez questão de dizer que ele e os amigos fizeram o que era certo. Somos escoteiros não somos heróis, disse. Na formatura Billy tomou seu lugar na patrulha. Notou a chegada de um homem, uma mulher e uma menina pequenininha. Eles tomaram lugar na bandeira. Após o cerimonial o homem pediu a palavra. Ele era a vitima do Toyota. Chorava. Quase não conseguia falar. Ainda não conseguia andar direito, pois sofrera uma fratura no braço e na perna. Foi até onde Billy, Paolo e Eddy estavam e lhes deu um grande abraço. – Nunca vou me esquecer de vocês! Ele disse chorando. Eu pensava que Escoteiros era uma turma de arruaceiros, de jovens sem formação. Eu me enganei. Por anos neguei que minha filha participasse.


          Mariel mudou. Agora era um lobinha alegre e cheia de vida. Como era bom saber que seus pais também ajudavam o Grupo Escoteiro. Mariel no final do primeiro dia de reunião se ajoelhou quando os lobinhos e lobinhas faziam o Grande Uivo e mesmo sabendo que ela só iria participar depois da promessa, rezou. – Obrigado meu Deus! Consegui! Meu sonho se concretizou. – Todos olharam para ela espantados. Ela levantou, sorriu e gritou bem alto – “Melhor Possível”! Agora sou uma lobinha, e prometo a mim mesma que serei escoteira por toda a vida.

Nota de rodapé: - De volta com minhas histórias, onde os sonhos se tornam lendas que encantam a todos nós. Gosto disto escrevo com gosto e sempre com um sorriso nos lábios. Quem dera eu tivesse a sina dos grandes fazedores de sonhos, para encantar e fazer do escotismo uma verdadeira escola de amor de fraternidade. Boa leitura e se quiserem comentar fiquem a vontade. Risos. 

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