sábado, 24 de junho de 2017

“Emmanuel”.


“Emmanuel”.

                 Timóteo foi o primeiro. Sempre fora assim desde que ele entrou para os escoteiros. Era uma alegria vê-lo chegar. Ficar sozinho na sede todos os dias era para ele uma alegria. Mesmo acostumado ele sentia falta dos seus amigos escoteiros. Ele se juntava a todas as patrulhas. Não tinha nenhuma especial. Sabia o nome de cada um: - Lobo de Mozart. Pantera do Luiz. Águia do Totonho, e na Antílope estavam Antônio, Pedro, Zacarias... Sabia do acampamento no próximo mês. Sonhava. Afinal ficaria dias e noites junto a eles era uma alegria infinita.

                 Lembrava pouco do seu passado. Sabia que tudo terminou para ele com oito anos de idade. Nos últimos trinta anos fez tudo para esquecer. Um pai cruel, uma mãe que não ligava para ele, uma morte horrível em uma curva onde eles embriagados saíram da estrada. Todos eles partiram para o outro lado da vida. Sombras tenebrosas levaram seu pai e sua mãe e ele ficou. Sentiu que alguém o queria levar, mas não aceitou. Perambulou pelas ruas, ficou na sua casa, mas a briga dos tios pelo espólio o enojava. Descobriu os Escoteiros. Ali fez sua morada.

                Conheceu centenas deles. Afinal trinta anos com eles produziu muitos homens feitos. Assustou quando Braguinha disse que o via, mas não escutava. Sorriu para ele e se tornaram amigos até que um dia ele partiu para morar em alguma parte do universo. Quantos chefes? Dezenas. Nunca esqueceu o Chefe André Luiz. Dizia belas palavras: - O bem que praticas em qualquer lugar será teu advogado em toda parte. Nunca esqueceu quando a noite no Pico das Agulhas Negras ele disse; - Assim como a semente traça a forma e o destino da árvore, os teus próprios desejos é que te configuram a vida.

                Aos poucos foi vestindo peça por peça do uniforme. Ele queria ficar no acampamento uniformizado. Lembrou-se de um anjo que lhe disse: Você é somente espírito e o espírito não tem corpo. Muitas vezes tentaram levá-lo, mas ele insistia em ficar. Gostava dali, seu pai nunca o deixou ser um. – Filho isto é coisa de “boiola”, você é meu filho macho, e tem de demonstrar desde cedo que sabe mandar e matar se preciso. Naquele dia chorou. Lembrou mais uma vez do Chefe André Luiz: - A grandeza do amor repousa invariavelmente na conjugação do verbo servir.

                 Uma noite viu um clarão azul como se fosse uma lua cheia diferente. – Filho, chegou a hora de partir! – Era um Velho de roupas brancas e alvas, envolto em luzes brilhantes. – Porque Senhor? – Ninguém se esqueceu de você. Estavam esperando a hora certa para te levar. Seu pai e sua mãe ainda estão acertando suas dívidas com Deus. – Braguinha foi quem nos disse onde estava. – Braguinha? Onde ele está? – venha comigo, e vais encontrá-lo bem no centro do universo.


                 Ele pensou e pensou. Senhor! – Posso pelo menos ir ao meu último acampamento? – O Velho sorriu. Ele sabia que as verdadeiras afeições são eternas. Não começam e não terminam em uma existência. "À proporção que se liberta, a alma encontra-se numa situação comparável àquele que desperta de profundo sono. Bem diverso é, contudo, esse despertar".

nota - - “A humildade não está na pobreza, não está na indigência, na penúria, na necessidade, na nudez e nem na fome. A humildade está na pessoa que tendo o direito de reclamar, julgar, reprovar e tomar qualquer atitude compreensível no brio pessoal, apenas abençoa”. – Este é um conto de ficção baseado na doutrina espírita.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Era uma vez... Em uma montanha bem perto do céu...

Bem vindo ao Blog As mais lindas historias escoteiras. Centenas delas, histórias, contos lendas que você ainda não conhecia....