domingo, 7 de maio de 2017

Apenas um adeus... E nada mais!


Lendas Escoteiras.
Apenas um adeus... E nada mais!  

                     O Chefe Bryan pediu a palavra e se dirigiu ao centro onde se realizava o Cerimonial de Bandeira. As tropas e alcateias se perfilaram. Os Pioneiros em posição de sentido. Ninguém sabia o que ele ia dizer. Laredo Monitor da Onça Parda era o seu monitor mais fiel. Tavinho monitor da Quati tinha nele o seu herói. Assim pensava também João Vitor o Monitor da Pica Pau e João Gabriel da Arara Azul. Queira ou não a Tropa o amava. Se ele fizesse um sinal todos acorreriam ao seu redor e bastava um palavra para eles sorrirem a seu chefe que eles amavam quem sabe mais que muitos familiares. – Meus caros irmãos escoteiros, escoteiras, chefes e pais aqui presente. É com pesar que eu estou comunicando meu desligamento do Grupo Escoteiro! Sei que é surpresa para muitos, mas estou indo para a Capital do estado, pois somente lá poderei pensar em continuar minha obra aqui na terra.

                Um silêncio profundo, um oh surgido em muitos olhares e lábios que queriam pronunciar muito mais. Ninguém sabia o que dizer. Qualquer comentário jamais poderia traduzir o sentimento que se apossou de todos. Somente a espiritualidade conseguiria explicar aqueles momentos em que um ser humano torna-se capaz de amealhar lágrimas de uma multidão de jovens que não sabiam o que dizer. Chefe Bryan sorriu. Ele não queria pensar que se seus olhos mostrassem a sua alma, todos ao verem-no sorrir, chorariam com ele. Ele sabia que uma despedida, uma inquietude, uma saudade é uma longa espera de um retorno impossível. Ele ficou em posição de sentido. Tentava segurar as lágrimas que caiam em profusão. – Eu voltarei ele disse e saiu sem nada mais dizer aqueles que fizeram dele um homem feliz.

                 Mesmo que o Chefe Nonô tentasse manter todos formados foi impossível. Um choro convulsivo tomou conta de muitos que pensavam não saber viver sem ele. O zunzum corria de boca em boca. Todos tinham ouvido falar que o Chefe Bryan estava com uma doença mortal. Ninguém sabia qual era. Muitos sabiam que ele iria partir e a dor de o ver assim fez com que o Grupo Escoteiro não mais acreditasse em um final feliz. No acampamento em Verdes Mares os monitores viram com ele tentava ser o chefe de sempre... Mas não era. Na ronda muitos o virão pelas madrugadas a girar em locais inacessíveis e até mesmo na Mata do Condor. Na jornada a Pedra Bonita ele tentou escalar e não conseguiu. Ele calado fazia tudo para que seus escoteiros aprendessem tudo que um dia ele aprendeu da saga de Baden-Powell.

                  Ninguém o viu partir naquela tarde de quinta feira. Percival o Maquinista do Trem das cinco foi quem deu notícia. – Ele desmaiou no vagão especial que o levamos e tivemos que deixá-lo no hospital de Monte Verde. Soube que uma ambulância o levou até a capital. Qual hospital nunca soube... A tropa jurou fidelidade. Ninguém iria sair. Ninguém iria mais chorar. Se ele deixou a todos palavras de força, solidariedade e vontade de vencer, ele seria assim lembrado para sempre. Chefe Daniel seu assistente queria seguir o chefe. Não era fácil. Mas os monitores o ajudavam. Até mesmo o ensinaram como fazer muitos programas de atividades aventureiras. O Chefe Nonô um baluarte na liderança do Grupo, já entrando nos seus 80 anos lá estava sempre presente.

                    As escolas cheias faziam os alunos calados a tentarem terminar a última redação do dia. Valia para a prova final. Um burburinho começou a correr de sala em sala. Ninguém prestou mais atenção a sua fase estudantil. Laredo entrou correndo e gritando: - Escoteiros! – O chefe Bryan chegou no trem das onze! Está de uniforme! Dizem que seu sorriso é aquele quando nos levou ao Pico da Felicidade. – Foi uma correria. As professoras sabiam que seria impossível segurá-los. A rua foi tomada por uma horda de meninos que gritando diziam a todos: - O Chefe Bryan voltou! O encontraram em frente à Prefeitura e formaram em linha. Ele sorrindo cumprimentou um por um. As escoteiras, os lobinhos, os seniores e pioneiros batiam palmas.

                    O Chefe Bryan sorria, mas as lágrimas não paravam de cair. Conseguiu vencer um câncer que tentou matá-lo por muitos anos. Como ele não sabia. O Doutor Rosalto disse para ele: - Agradeça Bryan primeiro a Deus. Agradeça também a este corpo médico que tudo fez por você. E olhe agradeça a sua garra, ao seu espirito escoteiro que nunca o deixou desistir! – O Chefe Bryan queria cantar, queria gritar com as patrulhas os gritos de outrora. Um nó na garganta não deixava ele dizer nada. Seu coração batia sem parar. Ele abraçado pelos meninos falou baixinho como a rezar a Deus: - Permita Senhor que o pássaro voe. Permita que a chuva caia. Permita que o sol brilhe e que o tempo cure minha dor de uma partida que acreditei não ter volta! Chefe Bryan fechou os olhos e pensou: - A vida é uma longa despedida de tudo aquilo que a gente ama. Mas quem acredita sabe que não é mais que um até logo!


Por um instante sentiu aquele nó na garganta sufocá-lo, a ponto de encharcar seus olhos. Sorriu disfarçadamente como quem dissesse: "Vai passar". Levou a mão até o rosto para limpar as lágrimas no canto dos olhos, controlando-se imensamente. Olhou para o céu, olhou para seus escoteiros e gritou como há muito tempo não gritava: - Eu voltei!

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Era uma vez... Em uma montanha bem perto do céu...

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