quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

O Cozinheiro.


Lendas Escoteiras.
O Cozinheiro.

                - Eu sei Chefe que não vai acreditar. Se estivesse no seu lugar não acreditaria, mas eu juro palavra de Escoteiro que é verdade. Ninguem na Patrulha Javali jamais pensaria que Bolacha iria se transformar em um cozinheiro tão bom e que eu acredito Chefe nunca mais haverá outro como ele. Veja bem, o senhor sabe melhor que eu que cozinheiros de Patrulha só sabem fazer o tal “Arroz, feijão, batata e macarrão”, mas Bolacha não. – Como ele aprendeu? Sinceramente Chefe pensei que fosse sua mãe, mas não foi. Dona Quirina cozinhava bem, mas falar que era uma cozinheira de primeira seria faltar com a verdade. E quer saber mais? Bolacha entrou no grupo calado e quando foi para a França foi calado.

                 - Isto mesmo Chefe. Bolacha economizava em tudo principalmente nas palavras. Eu mesmo que convivi com ele muitos anos posso jurar que se ele falou seis o sete palavras foi o muito em cinco anos que foi Escoteiro e sênior. Risos. Não acredita Chefe? Pois pode acreditar. Lembro até hoje que quando fez a promessa todos esperavam que ele falasse, já que era uma tradição na Tropa cada Escoteiro noviço dizer a viva voz as frases da Promessa. Todos viram seus lábios se mexendo, mas não saia som. O Chefe não disse nada. Conhecia Bolacha melhor que todos nós. Só vestiu o uniforme pela primeira vez quando promessou. Era norma. Ninguem vestia nem uma peça. Vi o Chefe mandando de volta para casa muitos pata tenras. Mas Chefe precisava ver Bolacha uniformizado. Tudo no seu lugar. Fazia questão de ser um exemplo.

                  - Uma coisa eu garanto Chefe, suas qualidades de cozinheiro nunca deixaram que ele não se preocupasse com suas provas. Era um desafio e ele sempre aceitou desafios. – Por quê? Um dia perguntei para ele. - Porque ser um Primeira Classe? Ele apenas sorriu. Sei que dois anos depois que entrou fez sua Jornada de Primeira Classe. Maribondo foi com ele. E olhe Chefe, Maribondo era conversador, não parava de contar “causos” e até hoje não sei o que se passou entre os dois para se entenderem tão bem o que fazem até nos dias de hoje. Só sei que ele é elogiado até hoje pelo seu relatório e o Percurso de Giwell.

                   - Um dia antes do Acampamento em Lagoa Formosa, Floresta comunicou a todos que ia embora para Santana do Oeste. Seu pai arrumou um emprego melhor. Floresta era nosso cozinheiro. Não dos bons, mas dava para o gasto. - Alta Voltagem o monitor reuniu a patrulha e perguntou se alguém queria ser o novo cozinheiro. Todos calados. Afinal a cozinha dava um trabalho enorme nos acampamentos. Para surpresa Bolacha levantou a mão. Ninguém foi contra. Quitinete perguntou se ele sabia cozinhar. Bolacha o olhou de cima em baixo e nada respondeu. – Duas semanas depois Bolacha entregou um convite para cada patrulheiro da patrulha Javali ir jantar em sua casa.

                     - Sua mãe jurou que foi ele quem cozinhou. Poucos acreditaram. A salada, a macarronada e o Frango a Passarinho no ponto estavam perfeitos. No acampamento Bolacha não admitia atrasados. Tinha um pequeno sino e com seis badaladas chamava para o almoço e oito para o jantar. Café e lanche não tinha chamada. A patrulha se regalou com o almoço do Bolacha. Era demais. E isto Chefe foi só o começo. – Chefe eu nunca vi um cozinheiro que fazia bolo doces e torta em acampamento. Bolacha fazia. Parecia um mágico. Construía om facilidade fornos, fogões suspenso incrivelmente bem feitos. De um simples mamão fazia uma torta para ninguém botar defeito. Para ele o campo, as florestas e os vales eram mananciais de iguarias.

                      - Bolacha ficou na patrulha e três anos depois foi para os Seniores. Eu já estava lá. Continuou sua saga do melhor cozinheiro Escoteiro do mundo. Bem não vou generalizar, mas como ele eu nunca vi. Um dia Bolacha sumiu. Ficou três semanas sem ir à reunião. Apareceu com seu jeitão de roceiro e com a mão direita fez a saudação e a esquerda o sinal de Adeus. Todos quiseram saber o motivo de sua partida, mas ele calado, calado ficou. Muitos foram a sua casa perguntar a sua mãe o que ouve, mas ela não morava mais lá. Os vizinhos nada sabiam. Passaram-se nove anos Chefe. A verdade é que ninguém nunca esqueceu o Bolacha. Sua fama de melhor cozinheiro ficou para sempre.

                      - Chefe, a vida nos prega peças que nem imaginamos que vai acontecer. Ganhei da minha empresa uma viagem a Paris na Franca com um acompanhante. Foi uma festa a viagem. Eu e Morena nos divertimos a valer e como nos sentimos importantes ao subir na Torre Eiffel. O senhor sabe que amo as flores e ver tantas no Palácio de Versalhes foi demais. Mas quer saber qual foi a maior surpresa Chefe? – Foi no jantar de despedida em um dos melhores restaurantes franceses. O La Fontaine de Mars. Aconchegante, luxuoso, tratamento vip. Pedimos uma comida simples, mas Chefe! Oh! Chefe. Nem imagina quando o Maitre anunciou que o cozinheiro queria nos cumprimentar. Falou baixinho que seria uma honra, pois ele nunca fazia isto.


                      - Sempre Alerta Escoteiro da Javali. Lembra-se de mim? Quase cai da cadeira. Era Bolacha, esbelto, alto, bem vestido e com um gorro de chef tão engomado e branco que ofuscava. Todos os clientes do restaurante ficaram de pé e deram uma enorme salva de palma a Bolacha. Acredite Chefe, por favor! O Escoteiro tem uma só palavra e sua honra vale mais que sua própria vida!

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Era uma vez... Em uma montanha bem perto do céu...

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