quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Pequenas historias de Mowgly. Uma pequena viagem no Livro da Selva.


Pequenas historias de Mowgly.
Uma pequena viagem no Livro da Selva.

- Finalmente chegou à noite da lua cheia e o Pai Lobo e Mãe Loba levaram seus filhotes e junto com eles, Mowgli para a Roca de Conselho. Lá, sentados em cima de uma pedra alta, estava o Akelá, o Velho Lobo solitário que há alguns anos estava dirigindo a Alcatéia, respeitado por sua força e astúcia. Houve pouca discussão na Alcatéia e um por um os novos filhotes estavam sendo apresentados, levados a frente pelo Akelá.

- Vós conheceis a Lei! Olhai bem o Lobo! Olhai bem! E assim finalmente chegou a vez de Mowgli. O Pai Lobo o empurrou para o centro do círculo.   O Akelá, sem olhar, repetiu o seu “Olhai bem, ó Lobos” quando de repente ouviu-se a voz do tigre manco. - Esse filhote de homem é meu! Que tem o Povo Livre com o filhote de homem?  

- Alguns dos Lobos acharam justa a pergunta do tigre, afirmando que o filhote de homem não tem nada a ver com a vida na Alcatéia. Surgiu um pequeno tumulto. Nos casos de dúvida, manda a Lei que para alguém ter direito a ser admitido na alcatéia, tem que ter dois votos em seu favor.

- Quem se apresenta para defender este filhote?   – Akelá perguntou. Não houve resposta e Raksha já se preparava para uma luta de morte, caso o incidente fosse resolvido contrário ao que seu coração pedia. O único animal não lobo que tem direito a palavra no Conselho é Baloo, o velho urso que ensinava os pequenos lobos a Lei do Jângal. E então ouviu- se a voz do urso.

- Eu sou a favor do filhote de homem, não vejo mal nenhum que ele possa causar permanecendo entre nós. Baloo lhe ensinará as Leis da nossa vida e futuramente ele
Poderá ser um grande e de grande utilidade para nós. Mas faltava uma voz a favor de Mowgli. De repente uma grande sombra preta atravessou o círculo: era a pantera negra, Bagheera. Todos a conheciam e se afastaram do seu caminho por muito respeito a sua força.

- Akelá, direito eu não tenho de falar neste Conselho, mas a Lei do Jângal diz que se na dúvida quanto à vida de um filhote, esta vida pode ser comprada por certo preço. Pois eu ofereço esse preço pela vida do filhote de homem –os lobos pediram para Bagheera continuar – é uma vergonha matar um indefeso filhote de homem que mais tarde, como falou Baloo, pode ser de grande utilidade para todos nós.

- Ofereço pela vida dele um touro gordo que acabo de matara uma milha daqui. Aceitam minha proposta? Houve um clamor de vozes e todos aceitaram a oferta de Bagheera. E dirigiram-se para onde estava o touro gordo. Ficou só Shere Khan urrando de raiva e despeito:
- Urra, urra! Urra que o tempo virá que esta coisinha pequena te fará urrar noutro tom.

Muitos anos depois...

- Mowgly de repente lembrou-se das estranhas palavras ditas por Akelá antes de morrer... - Não, não sou homem, sou da Jângal – pensou. De longe apareceu a búfala selvagem Mysa e com desprezo respondeu a búfala. - Não é homem, não, é sim o lobo da Alcatéia de Seeonee. Em noites como essa costuma errar pela Jângal. Mysa perguntou se Mowgli estava em perigo. Mas este em resposta cutucou-a com a ponta da faca, para ver se ainda tinha poder para enfurecer o animal. - Não fique bravo, Mysa, com esse pequeno arranhão. Podes tu indicar onde há um antro de homens aqui por perto? Desconheço essa Jângal. - Segue para o Norte – rugiu colérico o búfalo – vai para lá e conta aos da aldeia a tua má ação junto a esta búfala. Mowgli deixou Mysa e a sua companheira pela beirada do pântano, quando voltou para a Alcatéia de Seeonee. Muito tempo se passara desde que Mowgli viu a Alcatéia dos homens.

Mas nesta noite algo o atraía nesta direção. Mesmo lembrando-se que fora expulso da aldeia por Buldeo, chegou-se a porta de uma cabana e viu uma mulher botando uma criança para dormir falando baixinho. - Esta voz, esta voz... Eu a conheço! E para se certificar, chamou baixinho: - Messua, Messua. - Quem me chama? – indagou a mulher. - Já se esqueceste de mim? – perguntou Mowgli, com a garganta curada – Nathoo – respondeu ele. Pois como todos sabem, foi este nome que dera quando o encontrara pela primeira vez. - Venha meu filho. A mulher o chamou, e Mowgli veio e pôs os olhos naquela que tinha sido boa para ele e que ele salvara da raiva e dor da aldeia. Era ela bem mais velha. E ela também se espantou vendo este homem feito, alto, forte, forte e belo, e que era seu filho. - Tu és meu filho, porém parece mais um deus da Jângal. Que queres comer ou beber? Tudo aqui é teu. A ti devemos a vida. Messua contou a ele toda a sua vida, desde que foram expulsos daquela aldeia e vieram para este lugar.

- Encontraram esta casa e trabalharam no campo para ter o que comer. O marido dela morreu há um ano e ela ficou com uma criança de duas chuvas. Messua então pediu que se Mowgli fosse Nathoo, que o tigre raptara que ele recebesse aquela criança como irmão e que desse a benção do irmão mais velho. - Eu? Que se eu disse que chamas a benção? Não sou nem Deus, nem seu irmão e... Mãe, mãe, meu coração está pesado dentro de mim. - É febre – disse Messua, e deu-lhe algo quente para beber e ao mesmo tempo batia-lhe carinhosamente no ombro como se fosse um bebê, conseguindo acalmá-lo. O leite quente fez efeito no organismo cansado de Mowgli, deitando e dormindo em instantes, mergulhando num sono profundo. Dormiu ele à moda da Jângal...

E a história continua...

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Era uma vez... Em uma montanha bem perto do céu...

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