quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Maneco Cozinheiro, o Escoteiro azarado e trapalhão.


Vale a pena ler de novo.
Maneco Cozinheiro, o Escoteiro azarado e trapalhão.

        A patrulha não sabia mais o que fazer. Maneco tinha um sorriso encantador, mas era um perfeito azarado e porque não dizer desastrado. Lilico o Monitor tentou e tentou e nada. Deu conselhos, ficou ao lado dele, mas parecia que o azar o perseguia. - Chefe! Não dá mais. Se ele continuar na patrulha não ganhamos uma. Ontem mesmo quando o senhor deixou que o chamássemos para o cerimonial ele deu um belo sorriso e depois aprontou aquela. “Aquela” foi um “pum” que de tão alto fez todos gargalharem na ferradura. O Chefe Luiz pensou e pensou. Não era a primeira vez. Maneco cozinheiro além de aprontar sem querer era mesmo um azarado. A patrulha quando ele entrou se divertia com ele. No primeiro acampamento lá foi ele para o “Miguel” e em vez de ter folhas preparadas pegou logo um punhado de urtigas. Deus do céu! Ele gritou feito um louco e por toda a noite não dormiu e não deixou ninguém dormir.

        Aos poucos Maneco cozinheiro foi se integrando a patrulha, mas sempre aprontando. Por sorte ou azar o colocaram como bombeiro/aguador e ele se achava o máximo. Contava para todos que seria o futuro Cozinheiro, pois seu cargo atual na escala hierárquica o próximo seria ele. Todos sabiam que se isto acontece à patrulha ia para o brejo. Maneco Cozinheiro nem sorte tinha. Sua mochila nas marchas de estrada mesmo levando quase nada quebrava sempre as alças. Lá estavam todos para ajudar a costurar. Quando o Comissário Fugi Moto compareceu em um acampamento aceitou o convite de sua patrulha para almoçar. Todos assustados sabiam que Maneco ia aprontar e não deu outra. Todos sentaram nos bancos em volta de mesa e quando ele foi sentar apoiou na mesa e ela veio abaixo. Os pratos esparramados com o almoço pelo chão. Não havia repetição e as demais patrulhas dividiram com eles. Fazer o que? O próprio comissário Fugi Moto riu a valer e achou que isto acontece com todo mundo. Ele não conhecia Maneco Cozinheiro.

                  Pintassilgo era o cozinheiro mor da patrulha. Batuta, um grande cara e um excelente cozinheiro. Fazia milagres com pouca coisa. Saia pelos campos e voltava com um bornal cheio. Sorria e dizia – Comida para dois dias! Ele salvava a patrulha no campo. Podiam perder jogos, inspeção, podiam perder em tudo, mas na cozinha Pintassilgo dava show. Um dia chegou chorando na sede. – Turma, minha mãe vai para a capital, ela quer achar meu pai que sumiu! Careca o sub não acreditou. Perder Pintassilgo e ganhar Maneco Cozinheiro? Que bela troca! Mas não teve jeito, uma semana depois Pintassilgo despediu de todos e foi embora. Jurou que um dia voltaria. Deste que Pintassilgo deu a notícia que Maneco Cozinheiro sorria de orelha em orelha. Fizeram um Conselho de Patrulha. Ele tinha de participar também. Discutiram, discutiram e não teve jeito, Maneco Cozinheiro foi empossado. O mundo desabou em cima dos Corujas. Agora estavam perdendo em tudo.

                No primeiro acampamento os patrulheiros choraram. O arroz queimado. O feijão duro, o bife sem tostar e sangrando. Batatas fritas? Só na terra dele. Perna Curta o Monitor procurou o Chefe – Não dá Chefe, ou mude ele de patrulha ou a nossa não vai ficar ninguém. Chefe Pascoal não sabia o que fazer. Já sabia das aventuras de Maneco cozinheiro e suas trapalhadas. Sempre achou que o tempo iria ajudar e ele ia se incorporar a patrulha. No final de acampamento todos viraram as costas para Maneco Cozinheiro. Ele foi para a casa chorando. Sabia que fez tudo errado, devia ter pedido a sua mãe para ensiná-lo e não fez isto. Achou que olhando Pintassilgo bastava. Pensou em sair do escotismo, quem sabe seria melhor para todos?

                 No sábado seguinte voltou à sede e na bandeira pediu a palavra - Chorando disse que estava saindo do escotismo. A patrulha sorriu os demais disseram baixinho – Graças a Deus. E não é que o Chefe Pascoal tomou as dores dele e não o deixou sair? Devia ter deixado, pois o mastro da bandeira se partiu e caiu na cabeça do Chefe! Bem feito disseram todos. Todos sabiam que ele o Maneco Cozinheiro era mais azarado que Chico Feliz. O danado não era Escoteiro, fez um jogo na sena ganhou e cadê o jogo? Sumiu! Todos seus amigos sabiam dos números que ele jogava, mas não adiantou. A Caixa não pagou. O Chefe Pascoal chamou os monitores. Explicou sua atitude que mesmo razoável não convenceu. Maneco Cozinheiro sabia que todos eram contra ele. Sabia que eles estavam certos. Foi para a casa e passou cinco dias lá trancado no seu quarto pensando.

                  Mandou um recado para a patrulha e o Chefe. – Preciso de uma licença de sessenta dias! Todos aceitaram pulando de alegria menos o Chefe. No tempo determinado Maneco Cozinheiro retornou. Quem o visse não acreditava. Cabelos longos presos por um elástico tipo rabo de cavalo. Porte de atleta, muito bem uniformizado e sempre sério, quase não sorria. A patrulha sentiu força nele. No acampamento deu o maior show. Fez um arroz de forno (o forno ele mesmo construiu) um feijão tropeiro e as batatinhas fritas eram demais. As demais patrulhas ficaram estupefatas. À noite na conversa ao pé do fogo o Monitor Perna Curta insistiu com ele que contasse o que aconteceu. Maneco Cozinheiro sorriu. – Meu Monitor um milagre. Como ele aconteceu fica somente entre Deus e eu. – Todos riram e bateram palas para Maneco cozinheiro. A Patrulha Coruja nunca mais foi à mesma. Ganhava tudo, era a melhor sempre. E a comida? Nota dez!


                  Maneco Cozinheiro nunca contou que procurou o Professor Sabe Tudo. Abriu-se com ele. Ele sorriu. Ficaram juntos por dois meses e ele ensinou tudo que sabia sobre como conquistar as pessoas. Fez questão que seu Filho um famoso cozinheiro que fez curso na França lhe desse umas aulas. O resto sua mãe terminou. Em casa desenhou fogões, fornos, tipos de fogos e ficou bamba treinando no seu quintal. São coisas que só aqueles que acreditam em mudar acontece. Ninguém é só aquilo que outros veem. Em cada um de nós existe outro eu. Maneco descobriu o seu. Há cinco anos folheando uma revista enquanto esperava minha vez no dentista, vi uma foto que me chamou atenção. Era Maneco Cozinheiro em um concurso de cozinha em Paris. Tirou o primeiro lugar. De um cozinheiro Escoteiro para um cozinheiro internacional. Como dizem por ai? – São coisas de Escoteiros!  

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