sexta-feira, 24 de junho de 2016

“Célia” Era uma vez... Em uma fazenda...


“Célia”
Era uma vez... Em uma fazenda...
Uma história quase real.

                      Era uma casinha pequena. Pintada de branco e cheia de flores em volta. Dois quartos. Eu dormia em um com meu marido. Os quatro meninos em outro. Uma salinha de nadinha com uma poltrona e mais nada. Uma cozinha estreita. Mané Vaqueiro e Tonhão construíram um puxadinho atrás. Ali fizeram um fogão de barro, um forno de barro e o piso de terra batida. Na frente uma diminuta varanda. Uma cadeira de balanço e um banco de madeira. Muitos jarros de plantas. Eu amava tudo aquilo. Na varanda dava para ver a minha horta, pujante, verduras, frutas nascendo sem parar. Tomates, couve, cebolinha, batata doce, alface, pés de mamão, goiaba, taioba que meu marido adorava e muito mais. Nos fundos um chiqueirinho. Limpo, sem cheiro sempre com dois ou três capados no ponto. Mais a frente o galinheiro. Centenas delas. Dava para colher umas três dúzias por dia.

                       Como a gente era feliz. Sem preocupações das grandes cidades. Durante o dia o passear dos avestruzes, das galinhas d’angola, um ou outro veadinho que passavam correndo, passarinhada que escureciam o céu. Na época certa as cigarras faziam a festa. À noite então! Coisa linda! Quando se aninhava em frente a minha casa os vagalumes aos milhares eu apagava o lampião. Não precisava, pois eles davam conta. Um espetáculo digno de ser ver. Nos fins de semana ele me levava para passear de barco no Rio das Velhas até o grotão onde uma pequena cachoeira embeleza o rio cheio de esplendor. Depois a gente descia até à foz do São Francisco. Gente, minha mente mexe comigo ao lembrar. – Marido vamos comer um peixe? – Um pequeno, pois a geladeira a gás está cheia. Carne de porco de vaca até de tatu e capivara tinha. Sempre um cavalo arriado na porta. Sem pestanejar Ele montava e em pouco tempo voltava com um pintado ou um dourado.  

                               Vovó Lavínia era uma grande amiga. Tinha o apelido de Vovó, mas era da minha idade. Uma Akelá de um grupo Escoteiro da Capital. Nunca se esqueceu da gente. Foi fazer uma visita de uma semana. Ficou lá um mês. Risos. Não sabia que ela conversava com a natureza. Uma tarde fiquei estupefata quando ela acariciava o pelo de um pequeno veado. Um animal arisco e nem sei como ela conseguia. Um dia a vi conversando com dois avestruzes. Velozes não deixavam a gente chegar. Nunca tinha visto nada igual. Mas Vovó Lavínia conseguia. Levei o maior susto quando vi uma cobra enorme atrás dela. Gritei para ela correr, ela parou olhou para a cobra que se enrolou toda. Vai dar o bote pensei. Impossível, Vovó Lavínia ficou agachada e parece que falou com a cobra por instantes e ela foi embora. Desculpem é verdade. Uma noite sentados na varanda, filharada dormindo ela pôs os dedos na boca como a pedir silêncio. – Escutem falou baixinho. As estrelas estão cantando no céu. Gente, na fazenda havia o mais belo céu que tinha visto. Bilhões e bilhões de estrelas. Uma via láctea que marcava qualquer um. Fizemos silencio. Olhávamos para o céu. Um som calmo e refrescante. Se for o cantar das estrelas não sei, mas que era lindo era.


Quando ela foi embora sentimos uma tristeza enorme. Um vazio grande. Tentei várias vezes ouvir as estrelas cantarem. Se ela ainda estive ali me diria: - Amai para entendê-las, pois só quem ama pode ter ouvidos capaz de ouvir e entender as estrelas! O tempo se foi, eu daria tudo para voltar no tempo. Mas o tempo não para. 

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Era uma vez... Em uma montanha bem perto do céu...

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