sábado, 12 de março de 2016

A lenda do Guardião da Floresta.


Lendas escoteiras.
A lenda do Guardião da Floresta.

               Eu me simpatizava com Diógenes. Boa praça jactava que em uma das suas reencarnações andava com um lampião aceso dizendo estar em busca de um homem honesto. A história de Diógenes era uma lenda contada muito antes do nascimento de Cristo. Diógenes era chamado de Cínico e foi um filósofo da Grécia antiga.  Dizia estar procurando um homem honesto. Bem nada há ver com o Diógenes de hoje. Não trabalhava e vivia perambulando pela cidade, e diferente de muitos mendigos ele tinha uma casinha boa e vestia roupas boas limpas. Devia ter alguém que zelava por ele. Naquela manhã eu estava na Praça do Povo, um lugar simples sem movimento e que me deixava tranquilo para aclarar as ideias. – Ele sentou ao meu lado e disse: - Já te contei esta? Ele falou. Não sabia que ele estava ao meu lado. Qual Diógenes? – A do Guardião da Floresta da Bocaina! - Nunca ouvi falar disse. Ele continuou – Sei que você é um Escoteiro. Já vi você muitas vezes. Sei que gosta de acampar, explorar novos lugares, florestas e montanhas. Olha Chefe antes de vir para esta cidade, eu morava em Palo Verde, uma cidade a sudoeste do Rio Vermelho bem longe da Capital do Pará. Boa cidade um lindo cinema onde eu podia assistir bons filmes. Aqui não tem não é mesmo?

                 Foi lá em Palo Verde onde morei que vi muitos de vocês a correrem pela cidade, a desfilar, de mochilas correrem pelos campos a procura de aventuras. Pensei até em ser um de vocês, mas desisti. Acho que foi por causa do Jobson dos Santos. Um menino pequeno, magro, não gostava de conversar, mas muito inteligente. Nunca recusou desafios e não levava desaforos para casa apesar de que bastava um empurrão para ele se esparramava pelo chão. Jobson resolveu ser Escoteiro. Foi aceito porque sua mãe era amiga de uma Chefe de lobinhos. Não havia vagas, mas para ele deram um jeito. Na Patrulha Lagarto ninguém ligava para ele. No primeiro acampamento ele sumiu por horas. Apareceu depois sorrindo e mesmo com a “lavada” do Monitor e do Chefe ele continuou rindo e não disse nada.

                Jobson era inteligente. Em pouco tempo se sentia preparado para fazer as provas Escoteiras. Só não fez porque o Monitor Maguilson lhe disse que precisava ter um tempo de escotismo. Jobson não disse nada, educado não discutia e nem retrucava. Aceitava tudo de bom grado. Um dia em um acampamento de fim de semana um fazendeiro foi convidado a participar e em uma Conversa ao Pé do Fogo e contou uma história de arrepiar. Ninguém acreditou. – “Escoteiros” - ele disse – Rodem podem ir onde quiserem no sítio, mas evitem entrar na Floresta Negra da Bocaina. É uma floresta tão densa que é difícil andar. Mesmo com um bom facão fazer uma trilha é difícil. À tardinha uma bruma cinzenta percorre toda a mata e quase nunca o sol consegue penetrar entre as árvores. Não dá para ver nada.

                - Todos os presentes de olhos arregalados. A turma gostava de histórias incríveis. – Continuou o Senhor Zeferino – Nesta floresta negra dizem que habitam “lobisomens, bruxas e gnomos”. Existe um enorme leopardo rajado de amarelo e negro que durante a noite se transforma em uma linda moça. Ela toma conta de tudo. Ninguém ousa entrar. O Leopardo com suas enormes garras mata quem arrisca. Um empregado meu, o Zózimo riu quando soube da história. Pegou uma espingarda e um facão e alardeou a todos que ia entrar. Sumiu por dois meses. Encontraram-no quase morto as margens do Rio Vermelho. Ficou internado na UTI de um hospital por dois anos. Quando saiu pegou o primeiro ônibus e sumiu da cidade.

                    A história que Zeferino contou era incrível. Quando viu o Leopardo não deu tempo de fugir. Ele o encurralou em uma gruta e mesmo dando vários tiros, as balas não saiam. Só fumaça da arma. O Leopardo sumiu na mata. Em uma noite escura e sem luar apareceu uma linda moça coberta por uma manta rajada como se fosse o leopardo. Ele sorriu e foi ao encontro dela. Foi então que os dentes enormes e as unhas enormes apareceram e o envolveram. A moça se transformou em um Leopardo e só não o matou porque ele conseguiu pular nas águas escuras do Rio Vermelho. Contou que guando chegou na outra margem avistou lobisomens e bruxas voando em cima da floresta. Bem eu nunca acreditei na história dele, mas querem saber? Nunca fui la. Mais tarde, na barraca Jobson deitado pensava na história. Não saia de sua cabeça. – Vou ver onde fica, se ninguém quiser ir eu vou!

                    Dito e feito. Jobson convidou a todos da patrulha – Ninguém quis ir. O Chefe o proibiu de comentar com a tropa. – Jobson ele disse – Ninguém nunca foi lá e voltou vivo, porque esta insistência? Acredite ou não eu o proíbo de comentar novamente com sua patrulha. Jobson olhou o Chefe e não disse nada. Uma tarde Jobson sumiu. Seus pais preocupados o procuraram no grupo e nada. O delegado chamou diversos homens. Deram uma busca em todos os cantos. Dona Matilde disse que o viu pela manhã de uniforme Escoteiro e chapéu, Uma mochila e um bornal rumo a nascente do Rio Vermelho. Os Escoteiros já imaginavam que ele tinha ido para a Floresta Negra da Bocaina. Danado! Pensaram. No fundo todos o invejavam.

                     Jobson sumiu. Por dois anos. Ninguém ouviu falar dele por muito tempo. Nonato Castanheira era Sênior e tinha também o sangue aventureiro a correr em suas veias. Quando Jobson sumiu ele conversou com sua patrulha Sênior. Porque não vamos lá conhecer o mistério da Floresta Negra? Ninguem topou. Todos tinham medo. Sem mais nem menos Nonato Castanheira um sênior da Patrulha Pico da Neblina sumiu. Outro? Parecia uma epidemia. Cinco meses depois Nonato Castanheira apareceu. Tinha um olhar diferente, não falava e nem sorria. Deixou um bilhete aos seus pais pedindo desculpa por não ter dado notícias. Ele ia voltar e nunca mais iriam vê-lo novamente. No bilhete ele disse que apaixonou pela Princesa Violeta, tão linda que o mundo nunca pode conhecer sua beleza.


                      A Princesa Violeta fez história com suas bruxas Lobisomens e Gnomos. A Floresta da Bocaina ficou intocável. A lenda foi repetida por anos e anos. Ninguem teve mais coragem de ver uma princesa que a noite de transforma em leopardo e tem amigos lobisomens e bruxos. Par muitos a Floresta Negra se tornou maldita. A historia passou a ser contada em todas as patrulhas. Fiquei sabendo que cinco anos depois uma unidade da Marinha com mais de duzentos soldados entraram na floresta. Nunca mais voltaram. Ninguém mais se arrisca a entrar lá. Olhei para Diógenes e sua história mirabolante. Toda história tem um fundo de verdade, mas aquela era demais. Quando voltei para casa procurei na internet e não descobri nenhuma pista da floresta. Diógenes foi embora rindo. Pensei com meus botões porque não investigar. Um dia destes pego minha mochila um bornal e parto para Palo Verde. Vou entrar na Floresta da Bocaina vou saber a verdade desta história. Irei por a limpo se existem os tais guardiões e a Princesa Violeta. Vai ser bom demais! 

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