quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Os sete filhos de Moisés.


Contos de natal.
Os sete filhos de Moisés.

                 Foi um natal inesquecível. Nunca mais em minha vida eu esquecerei aquele 24 de dezembro ao pé do monte Canaã, bem próximo fluindo do sul do Mar da Galiléia. o Rio Jordão viajava portentoso para terminar a muitos e muitos quilômetros no Mar Morto. Eu nasci a noroeste do Mar Morto, em Israel cidade abrigada por montanhas centrais e que até hoje faz parte da história do Velho Testamento. Canaã era uma cidade pequena, aprazível e lindamente florida. Na Rua dos Reis Magos morava Moisés, um homem alto, forte e ninguém dizia que ele tinha mais de 100 anos. Moisés tinha um sorriso franco, e todos os habitantes de Canaã juravam que ele nunca tinha mentido. Zípora sua esposa havia morrido e o deixou com seus sete filhos seis homens e uma mulher.  Todos quase da mesma idade, pois havia dois pares de gêmeos Thiago e João Lucas, Davi e Josué. Só Ismael Ruth e Israel não eram gêmeos.  Conta uma lenda que Deus por meio do seu espírito tomou a forma humana para abençoar e batizar os filhos de Moisés.

                  Aarão era o Chefe Escoteiro que me contou está história. Foi numa tarde quente que parei em sua Taberna vazia e ele com um sorriso franco me convidou a entrar e sentar em uma mesa com uma visão fantástica do Mar Morto. Aarão falava baixo, voz rouca e vestia um saiote escocês que até hoje não sabia o porquê. Confesso que não perguntei. Escoteiros se descobrem facilmente. Em qualquer lugar um sinal surge e um sempre alerta aparece sorrindo. Convidou-me para pernoitar ali à noite, ele quase não tinha ninguém para papear e sentia falta de boas companhias principalmente daqueles que participavam do movimento de Baden-Powell. Todos os viajantes e caminheiros invejavam os habitantes de Canaã. Uma cidade tranquila que acolheu muitos deles vindo do norte. Notei que àquela hora da tarde não havia ninguém a vista. Hora da “siesta” rotina de muitos que vieram da Mesopotâmia e que resolveram arranchar na cidade. Aarão era semita, oriundo da Babilônia bem próximo ao Rio Eufrates.

                Nunca tinha sido Escoteiro. Resolveu fazer com um grupo de meninos uma Tropa e por imposição de muitos pais teve que aceitar algumas meninas. Moisés em pessoa chegou para falar com ele oferecendo ajuda e foi um baluarte na propagação do escotismo junto às autoridades locais. Inscreveu seus sete filhos e por votação eles decidiram ter sua própria patrulha a qual deram o nome de Garça Branca. Eu nunca tinha ouvido falar em uma patrulha formada por irmãos e me interessei pela história. Decidiram em Conselho de Patrulha que o Monitor seria eleito conforme a atividade e situações adversas para que cada um pudesse ter a experiência de um e outro quando houvesse necessidade de agir como um verdadeiro líder. Durante dois anos eles foram exemplos para os demais escoteiros. Nunca houve uma altercação, uma discussão, uma palavra áspera, pois levavam ao pé da letra a Lei Escoteira e sem esquecer também a Lei de Moisés. – Sabe amigo – Dizia Aarão, foi numa terça feira, férias escolares, cidade pachorrenta, sol forte e temperatura alta que me pediram para acampar.

                              Moisés junto a eles sorria e dizia que decisões tomadas por escoteiros são decisões aceitas pelos adultos. – Aarão – dizia Moisés - Me prometeram que estariam de volta a noitinha do 24 de dezembro, pronto para a missa do galo que frei Kety ajudado por Ramsés e auxiliado por um monitor da Águia iriam celebrar. Nunca perderam essa missa e Moisés confiava nos seus filhos. Partiram ao alvorecer, ainda com o orvalho caindo nas montanhas do Monte Sinai. O dia prometia. Em fila alguns habitantes sorriram a vê-los passar cantando o Rataplã. Foi Ruth quem contou como tudo aconteceu depois. Mais de onze da noite do dia 24 de dezembro e eles não haviam chegado. – Chefe dizia Ruth, seguimos pelos Pirineus até a trilha do Monte Carmelo onde montamos o acampamento. Tudo transcorria bem e cada um de nós desenvolvia as pioneiras, as etapas da Primeira Classe e João Lucas a do Correia de Mateiro.

                            Na hora do almoço não vimos Israel. Isto não era comum. Davi usou seu apito sonoro, com três silvo breve e três longos e nada. Saímos em seu alcance. João Lucas era mestre em pista. Achou uma pegada que seria de Israel. Fomos a todos os lugares possivel. Do alto do Monte Carmelo dava para avistar o Monte Tabor e até o Monte das Oliveiras onde Jesus fez seu sermão da montanha. As pistas eram fáceis de seguir e nada de Israel. À tardinha antes do escurecer voltamos para o acampamento. Thiago chorava baixinho e eu também. Lágrimas corriam nos olhos de João Lucas, Josué e Ismael. Davi ajoelhou de cabeça baixa e começou a rezar. Ajoelhamos com ele. Eu pedi a Deus que o protegesse. Ele não queria vir ao acampamento, era o menorzinho dos irmãos. Mas como a maioria aprovou ele veio também. A noite foi chegando devagar. Não havia fome, não ouve jantar. Não sabíamos o que fazer. Só Deus para nos ajudar.

                     Moisés na praça esperava inquieto a chegada dos seus filhos escoteiros. Não queria terminar sua vida assim. Pensou se Deus o abandonara, mas rezou de novo e acreditou na eternidade. Existem coisas que não entendemos principalmente o modo como Deus trabalha. Quando não temos mais esperanças de sermos usados por Deus. Quando tudo diz que não há solução, quando não nos sentimos mais capazes de resolver o que tem de ser resolvido. Moisés amava seus filhos. Ele sabia que sua vida foi repleta de ensinamentos. Ele sabia que o modo como Deus o moldou e o fez capaz de criar seus filhos era maravilhoso. Ele sorria como se fosse o verdadeiro Moisés das Taboas da Lei. Ele sabia que nunca foi abandonado e mesmo não sendo filho e neto de um rei ele soube criar seus filhos muito bem. Confiava neles, deu a eles os melhores ensinos, roupas, uma vida cristã invejável. Onde estariam àquela hora? – Deus! Oh meu Deus! Não posso perdê-los. Fazei de mim seu instrumento, fazei o que quiser, mas traga-os de volta para mim!

                      Os sete jovens ajoelhados em frente uma barraca, bem próximo ao Monte Sinai avistaram um imenso vermelhão no céu. Uma estrela enorme que iluminava tudo a sua volta. Descendo a montanha Israel vinha devagar, segurando um cajado e atrás dele viram três velhos pastores montados em camelos. Vestiam túnicas azuis, grandes barbas brancas, e o elevarem no ar até onde estavam. – Um deles falou como um rei dizendo – Está tudo bem, vão para casa, seu pai os espera na porta da igreja. Thiago, João Lucas, Davi, Josué, Ismael e Ruth abraçaram Israel. Um milagre aconteceu. Ele tinha caído em uma cascata de pedras e quebrara o joelho. Não podia andar. Os três homens que estavam montados em camelos o socorreram – Disseram para ele: - Vamos Escoteiro, vamos levar você aos seus irmãos. Temos pouco tempo, pois Jesus de Nazaré vai nascer! Levanta, sua perna está boa! Partiram sorrindo e lá no céu cantavam: £ “Jesus nasceu. O mundo vai mudar...” £. E foi assim que Melchior, Baltazar e Gaspar partiram pelo céu estrelado.


                     Voltei para casa pensativo. Seria verdadeira a história de Aarão? Perguntei a ele onde morava Moisés e ele sorriu sem me dar resposta. Até hoje me pergunto se poderia haver uma patrulha de irmãos. Não sei. Aarão me disse que sim. Bem quando tudo parece perdido, melhor é procurar refletir o que a gente sente e o que poderá ser.

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Era uma vez... Em uma montanha bem perto do céu...

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