quarta-feira, 8 de agosto de 2012

O Escoteiro Juquinha e sua fantástica viagem a bordo da USS Enterprise.



“Diário de bordo: data estelar 1513.1. Nossa posição, órbita do planeta M-113. A bordo da nave Enterprise, Sr. Spock, temporariamente no comando. No planeta, ruínas de uma civilização antiga e parece que alguns escoteiros estão lá fazendo acampamento. Nossa missão, saber quem são estes tais de escoteiros”.

O Escoteiro Juquinha e sua fantástica viagem a bordo da USS Enterprise.

                  Não tem jeito. Juquinha não deixava de sonhar. Voces já devem conhecê-lo.  Alguém o descreveu como um Escoteiro sonhador, vivendo nas nuvens e procurando viver o impossível. Ele um dia disse que foi no Vale dos Sonhos, onde encontrou escoteiros como ele, vivendo em um lindo local cheio de arco íris, pássaros, muitos peixes e animais vivendo pacificamente. Depois fez uma incrível boa ação na noite de natal. Agora conta para toda a sua Patrulha que pretende viajar na nave USS Enterprise do filme Jornada nas Estrelas. O Monitor da Patrulha e o Chefe por diversas vezes disse a ele que era apenas um filme, uma série com histórias de ficção cientifica. Juquinha sempre foi gordo, não tanto, mas bem rechonchudo. Era um amigão na Patrulha. Pau para toda obra. Infelizmente devido ao seu corpanzil não conseguia acompanhar a patrulha. Nunca desistiu. Mesmo ficando para trás nas jornadas ele parava, descansava e prosseguia.
                Nos acampamentos tentaram para ele varias funções na Patrulha. Aguadeiro, bombeiro, lenheiro e até intendente. Nada. Acertaram quando fizeram dele o cozinheiro. Excelente. Todos adoravam e até a chefia que não fazia refeições com as patrulhas de vez em quando lá estavam para comer o que Juquinha tinha feito. Ficou famoso quando aprendeu a fazer fornos de barro e surpreendeu a Patrulha com um belo bolo de chocolate. Agora só vivia falando na tal viagem interestelar. Quando chegava a sede dava o Sempre Alerta a todos e remendava – Vida longa e próspera! Assim cumprimentava o Senhor Spock ele dizia.
                Em um acampamento achou uma bela casca de uma arvore, cortou em forma de quadro e escreveu – “Audaciosamente indo, onde nenhum homem jamais esteve”. No fogo de Conselho, recitou para todos em forma de história como era a nave e o nome dos seus personagens. Capitão Kirk, Senhor Spock, Leonard Mc Koy (o médico) o Senhor Scott o engenheiro da nave, Sulu o timoteiro, Uhura a oficial de comunicações e o navegador russo o senhor Chekov. Contou rindo que uma vez a nave visitou o Brasil e em cima da Baia da Guanabara se chocou com um Urubu e teve que fazer um pouso forçado. O Dr. Mc Koy perguntou: - Que país é este? Todos deram belas risadas.
              Em casa sua mãe estava preocupada com sua nova “trekkers mania”, pois Juquinha ficava em seu quarto o dia inteiro lendo tudo que encontrava sobre a série criada por Gene Roddenberry. Apesar de suas notas escolares serem sempre as primeiras ela comentou com seu pai sobre sua nova mania. Ele uma pessoa calma e sempre amigo de Juquinha, disse para ela não se preocupar. Era uma mania que logo ia passar como todas as outras que ele um dia também sonhou. Todo dinheiro que ganhava limpando carros, quintais e fazendo aqui e ali trabalhos manuais, Juquinha procurava a loja de Souvenir e comprava uma miniatura ou alguma lembrança da série. Refez todo seu quarto como se fosse a Ponte de Comando da nave. Juquinha estava mesmo obcecado. Claro o escotismo fazia parte da sua vida, mas ele queria mesmo era ficar pelo menos algumas horas passeando na Enterprise.
             Juquinha tinha os pés no chão. Ele mesmo não duvidava disto. Sabia que era um desejo impossível, mas assim como um dia foi ao Vale dos Sonhos, porque não podia também ir à nave? E assim o tempo foi passando. Juquinha sonhando, indo a escola, nos escoteiros, acampando, excursionando, fazendo aquilo que gostava. Mas sua mente estava voltada sempre para o Capitão Kirk. Não foi ele quem disse que nunca deixe de aprender? Não era ele que tinha centenas de livros em seu alojamento na nave e dizia que todos devem sempre buscar novos conhecimentos? Em uma reunião de Patrulha ele disse para o Monitor Roberto – “Roberto, uma das vantagens em ser um Monitor, um líder, é ser capaz de pedir conselhos, claro sem necessariamente ter que segui-los”! Risos. – E quem disse isto? Perguntou Roberto – O capitão James Kirk.
                - Juquinha não parava de falar. – Ele para mim disse coisas muito importantes para os escoteiros. Um dia na Ponte de Comando quando uma nave amiga dos Romulanos se aproximou da Enterprise, ele falou para toda a tripulação – “Precisamos saber explorar mais e aprender”. Incentivar a criatividade e a inovação, ouvindo os conselhos das pessoas que tenham opiniões diferentes. Precisamos ocasionalmente descer nas trincheiras com os membros da nossa equipe para entender suas necessidades e conquistar sua confiança e lealdade. Também, aprender a mudar radicalmente quando as circunstâncias assim o exigir. Todos ficaram estupefatos com as palavras de Juquinha.
                 Em casa sem ninguém saber pediu a Dona Laurinda costureira que fizesse o uniforme Dourado dos tripulantes da nave, isto porque ele se achava que devia frequentar a Ponte de Comando e só eles usavam o dourado. E assim a vida de Juquinha ia vivendo. Todos aprenderam agora sua nova mania, sua nova loucura e riam muito de tudo. Até um tricorde (comunicador) que dizia servir para um teletransporte ele comprou. Um acampamento na Fazenda Ouro Negro de um pai de um Escoteiro de outro grupo foi o melhor que aconteceu na vida de Juquinha.
                Aproveitaram as férias de julho e ficaram por lá cinco dias. Claro, Juquinha viu ali a oportunidade de sua vida. Quem sabe ao caminhar pelo bosque, ou pela pequena floresta de pinheiros ele se encontrasse com o Capitão Kirk? Ou mesmo com o Senhor Spock? Enquanto isto não acontecia a Patrulha de Juquinha fez miséria em seu campo. Duas barracas suspensas uma em cima da outra. Um belo refeitório, com uma mesa firme e bancos reclináveis. Tudo fora bem bolado. As tampas das fossas eram aberta automaticamente com os pés, com cipós entrelaçados fizeram uma linda esteira que colocaram no pórtico, por sinal com mais de três metros de altura e lá em cima uma torre de observação.
                 No terceiro dia pela manhã, o Assistente entregou para os monitores uma carta prego. Para ser aberta às 14 horas em ponto daquele dia. Um alvoroço. O que seria? Sempre fora assim com as cartas prego. Todos ansiosos esperando às duas da tarde. Juquinha fez um almoço dos Deuses. Um arroz soltinho, uma bela polenta com carne moída e ainda mostrou a todos os doces de leite que tinha feito. Almoçaram, limparam o vasilhame e esperaram a hora certa de abrir a Carta Prego.
                 Duas em ponto. Aberta a carta dizia – Voces tem 10 minutos para separarem o seguinte material e partirem rumo a sudoeste, até atingir a base do morro das Palmeiras. Devem levar – Um caldeirão, pratos, talheres, tudo para fazerem uma sopa de macarrão. Devem chegar lá por volta de 16 horas e trinta minutos. Montem uma cabana com capim colonião, pois lá tem muito e uma equipe deve transmitir de vinte em vinte minutos por semáforas, tudo que está vendo do alto da serra e o que voces estão fazendo. As 18 hs, fazer uma sopa que deve ficar pronta impreterivelmente às 19 horas. Todos devem jantar e guardar o material mesmo sem lavar, pois a água utilizada será dos cantis.
                 Uma carta prego no ponto. Das boas como se diz. E no final da carta dizia – Às 20 horas iniciaremos a competição de Morse, com todas as patrulhas transmitindo ao mesmo tempo. Ganha a que conseguir decifrar o maior número de mensagens e também passar o maior numero para as demais patrulhas. Às 21 horas e trinta minutos iniciar descida. “Às 23 horas devem estar de volta e iremos fazer um Conselho de Tropa para analisar o grande jogo realizado”. Beleza! Sabiam que iam tirar de letra. Lembrou-se de Juquinha. Ele não conseguiria acompanhar na subida. Não tinha erro. Ele sabia o caminho e disse que mesmo que ficasse para trás que eles não se preocupassem. Ele chegaria.
                 No horário determinado partiram. Nem bem andaram dois quilômetros e Juquinha começou a ficar para trás.  Tudo bem, ele sabia de cor e salteado o caminho e era dia ainda com muito sol. Juquinha parou por duas vezes. Menos de dez minutos cada uma. Quando faltava setecentos metros para atingir o ponto determinado ele sentiu-se cansado. Melhor parar e quem sabe um cochilo de dez minutos? Nem bem começou a cochilar levou o maior susto. Eis que surge a sua frente nada mais nada menos que o Senhor Spock! Impossível! Não podia ser ele. Mas o uniforme, suas orelhas pontudas e o olhar enigmático não deixava a menor dúvida.
- Meu nome é Doutor Spock, não sei onde estou. Quem é você?
- Cacilda! O Doutor ou senhor Spock falando português?
- O senhor está no planeta terra, em um país chamado Brasil.
- Spock franziu a testa, fez um gesto no seu tricorde e falou – Capitão, aqui tem um garoto com um uniforme esquisito e diz que estamos no planeta terra. – Pois não capitão. Iremos agora. Spock pegou no seu braço e disse que ambos iriam ser telestransportados para a nave Enterprise. Urra! Disse Juquinha. Em segundos chegaram à sala de teletransporte. Foram direito para a Ponte de Comando. Juquinha estava de boca aberta. Nossa mãe! E não é que consegui? – Entraram e ele avistou a sala de comando. Era o máximo. Na parte central, num nível mais alto ficava a cadeira de comando e lá estava ao capitão Kirk. Logo a sua frente em diversos comandos, Chekov e Sulu. Hhura em um computador da ultima geração estava como sempre responsável pelas comunicações. O Doutor Spock (ele achava que era Senhor Spock) disse – Kirk encontrei este mocinho.
                     Juquinha olhava espantado para o Capitão Kirk. – Quem é você? Ele perguntou. – Juquinha, Cozinheiro da Patrulha Raposa. Kirk olhou para Spock que franziu a testa. – Escoteiros. Agora me lembro disse Spock. Em 1900 um General Inglês chamado Robert Stephenson Smyth Baden Powell na Inglaterra. Parece-me que era um movimento de jovens. Cresceu tanto que em menos de 30 anos passaram dos trinta milhões no mundo. – Kirk olhou para Juquinha. E vou lhe dizer mais Kirk, os maiores astronautas americanos eram escolhidos a dedo e era exigido ser Escoteiro além de possuir uma tal Eagle Scout. Acho que devemos a eles o inicio da era espacial.
                    Kirk ia falar quando Chekov gritou alto. - Uma nave Kllngons se aproxima. – Chekov, podemos nos esconder neste planeta? - Muito interessante senhor. — responde Sulu, ocupado em manter a Enterprise nas proximidades da parte mais densa dos anéis sem permitir que a nave seja capturada por uma das naves Kllngons. Acho que não senhor me preocupa a gravidade do planeta gigante e, também, sem perturbar demais o movimento natural dos blocos de gelo o que poderia conduzir a um desastre.
                   Mantenha o rumo. Diminua para dobra quatro. Ligue o alerta para toda a tripulação. – Kirk virou para Juquinha e disse – Bem vindo da bordo da Enterprise, mas não podemos ficar com você aqui jovem escoteiro. Uma frota dos Kllngons se aproximando e vamos ter que enfrentá-los. Juquinha tentou argumentar, mas Chekov o pegou pelo braço e em minutos estavam na sala de teletransporte. – Desculpe jovem, mas aqui vai virar um inferno daqui a pouco. Estará melhor na terra.
                    Nem deu tempo para Juquinha falar nada. Em segundos lá estava ele no mesmo ponto onde tinha tirado um cochilo. Juquinha estava boquiaberto. Afinal ele conseguiu ir na nave USS Enterprise. E o melhor conheceu a nata da tripulação. Pouco importava se acreditassem ou não. Levou o maior susto. No chão estava um uniforme completo dos tripulantes da nave. Um tecido especial que só seria fabricado 4.000 anos depois. E agora? Pegou sua mochila e cantando seguiu morro acima.
                  Juquinha não comentou nada com a Patrulha. Ele era um bom sinaleiro e assumiu o posto de sinais. Os demais ficaram cumprindo as determinações da Carta Prego. Foi maravilhoso. Fez uma sopa que todos repetiram e não sobrou nada. Não era bom em Morse. Ficou como estafeta. Retornaram todos juntos. Para baixo todo santo ajuda. O acampamento foi o máximo. Juquinha queria comentar sobre sua viagem na Enterprise. Preferiu calar. No fogo de Conselho resolveu vestir o uniforme da nave. Encantado viu que ele se acertava sozinho em todo seu corpo. Todos admiraram e quiseram saber onde comprou. Dona Laurinda, a costureira fez, e riu.
                 Quase ao terminar o Fogo do Conselho pediu para ser o Contador de Histórias da noite. Começou contando sua viagem na nave Enterprise. Contou como ela era. Contou sobre a ponte de comando. Descreveu o Capitão Kirk e o Doutor Spock. Falou de todos que lá e estavam. Explicou que mandaram ele de volta por causa de naves Kingston que iriam enfrentar. Contou de maneira tal que todos prestaram muito atenção. Quando terminou recebeu uma palma cubana forte e gritante. Riu de alegria e quando já ia sentar, viu que em um bolsos da sua camisa estava um tricorde bem pequeno. Ele deu um sinal longo e uma voz cavernosa falou – Adeus meu caro Juquinha, um Escoteiro. Que fala é o Capitão Kirk. Continue sempre um grande Escoteiro. Tenho certeza que um dia poderá ser um de nós em uma nave espacial. Estamos chegando no Sistema Estelar de Bernal. Um dos onze planetas, Bernal IV da classe M. Vamos descer e ajudar uma população nativa e humanoide assim como voces. Os Kingston fugiram. Seja feliz Spock disse que achou você um jovem de ouro.
                   O tricorde se calou. A tropa estava calada e assustada. Ninguém falou nada. O Chefe olhava para Juquinha e perguntou. O que é isto? Juquinha riu e disse – apenas uma gravação do capitão Kirk. Nada mais que uma gravação. E começou a dar belas gargalhadas fazendo com que toda a tropa o acompanhasse. E ele rindo junto com seus amigos em sua barraca disse – “Não importa aonde vá, lá você está e é bom ter um pretexto para apreciar a paisagem de vez em quando”!

Bem vindos a bordo da Enterprise!

E quem quiser que conte outra... 

“Espaço, a fronteira final. Estas são as viagens da nave estelar Enterprise em sua missão de cinco anos em busca de estranhos novos mundos, novas vidas e novas civilizações. Audaciosamente indo onde nenhum homem jamais esteve.”


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Era uma vez... Em uma montanha bem perto do céu...

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