sexta-feira, 25 de maio de 2012

A matilha Vermelha e a Operação Cavalo de Troia.



O cavalo de Troia foi um grande cavalo de madeira usado pelos gregos durante a Guerra de Troia, como um estratagema decisivo para a conquista da cidade fortificada de Troia, cujas ruínas estão em terras hoje turcas. Tomado pelos troianos como um símbolo de sua vitória, foi carregado para dentro das muralhas, sem saberem que em seu interior se ocultava o inimigo. À noite, guerreiros saem do cavalo, dominam as sentinelas e possibilitam a entrada do exército grego, levando a cidade à ruína.

A matilha Vermelha e a Operação Cavalo de Troia.

A matilha vermelha estava em polvorosa. A grande competição anual com tema livre estava marcada para o próximo sábado. Nos últimos dois anos eles ganharam o prêmio. O que os outros fariam? Eles iriam fazer uma grande apresentação – Uma mimica bem bolada de um sobrado em chamas, um neném chorando, um bombeiro passando etc. Gostaram muito quando Larissa deu a ideia. Riram muito de tudo. Achavam que a as demais matilhas iam rir a valer também. O primeiro prêmio estava no “papo”!
O premio era o máximo. Três caixas cheias de bombons Sonhos de Valsa para o primeiro colocado. Eles sabiam que a vitória estava na mão e os azuis? Eles eram o perigo. Sempre disputando palmo a palmo com os vermelhos.
Larissa era a prima da matilha e conversou com Téo seu segundo sobre o tema. Ela sabia que as outras matilhas não eram páreo para os vermelhos. Como descobrir o que os azuis iriam fazer? Afinal a preparação era segredo para todos. Cada matilha teve um mês para se preparar. E não era na sede por isso ninguém sabia o que iriam apresentar. Marcaram uma reunião na casa do Téo. Toda a matilha Vermelha. Eram seis. Laércio, Matilde, Noêmia, Vadinho, Larissa e Téo. A mãe dele sempre prestativa e alegre com os lobinhos. Serviu uma vitamina de mamão bem geladinho com biscoitos achocolatados.
Larissa repassou novamente a apresentação da matilha. Depois colocou o problema na mesa. Quem sabe o que os azuis irão apresentar? Ninguém sabia. Ficaram ali conversando por mais uma hora. Larissa muito esperta disse que sem saber o que eles os azuis iriam fazer não seria possível ter a certeza que iriam ganhar novamente. Alguém pode descobrir? Ninguém podia. Era uma reunião secreta que as matilhas faziam e ninguém podia se aproximar que não fosse da própria. Tive uma ideia! Disse o Laércio, e se colocássemos na reunião deles um Cavalo de Troia?
Poucos sabiam o que era isso. Foi o próprio Laercio quem explicou - O cavalo de Troia foi um grande cavalo de madeira usado pelos gregos durante a Guerra de Troia, como um estratagema decisivo para a conquista da cidade fortificada de Troia, cujas ruínas estão em terras hoje turcas. Tomado pelos troianos como um símbolo de sua vitória, foi carregado para dentro das muralhas, sem saberem que em seu interior se ocultava o inimigo. À noite, guerreiros saem do cavalo, dominam as sentinelas e possibilitam a entrada do exército grego, levando a cidade à ruína. Duvidas brotaram. Mas vamos fazer um cavalo de madeira e colocar no quarto do primo da matilha azul? Risos de todos. Nada disto tenho um plano disse Laércio.
Vamos dar a ele um presente. Um presente que ele não gosta. Ele vai deixar no quarto e não vai ligar. Dentro do presente iremos colocar um microfone em miniatura. Meu tio é detetive e acho que pode me dar um de presente. Quando soubermos o dia que irão se reunir, ficaremos próximos a casa dele e vamos ouvir tudo! Grande plano disse Larissa. Os demais ficaram meio assim. Acharam que não era próprio de lobinhos e da Lei do Lobinho. Mas no final Larissa convenceu todo mundo.
Uma semana antes todos já sabiam o que os azuis iriam fazer. Deram até risadas, pois as danças da Jângal já não eram mais surpresas e um deles soube de uma nova de Kaa. Treinaram a valer. Eles estavam no papo. O dia chegou. Sorrisos, um olhando para o outro. Melhor Possível! Melhor Possível Akelá! O Grande Uivo foi lindo. Todos pulando juntos e alto gritando – Melhor! Melhor! Melhor e Melhor! Fizeram um jogo de “cola” (um escolhido como cola, os demais soltos no pátio, o cola encosta em um e cola e vai tentando colar todos os demais). Mas a espera era mesmo na apresentação.
Soninha da Verde com seus olhos azuis sonhava com os bombons. Zeraldo da Marrom pensava como seria bom ganhar e comer os sonhos de Valsa. Todos agora só viam as três caixas de bombons, pois era o maior premio que poderiam receber naquele dia. A hora chegou. Balu chamou todos até o anfiteatro. Aboletaram-se na frente. Ninguém queria ficar distante do palco. A Matilha Verde fez uma apresentação primorosa. A mãe de um deles era professora de canto e tocava violino. Treinou com eles uma canção linda. Uma apresentação de gala.
Depois foi chamado a Marrom. Fizeram um pequeno teatrinho contando a vida de Baden Powell. Perfeito, lindo mesmo. Ninguém sabia que eles poderiam fazer tão bela representação. Foi à vez dos vermelhos. Larissa toda posuda foi a primeira a interpretar o bombeiro. Cada um se esmerou quando chegou sua hora. Riram muito do Laercio interpretando o nenenzinho chorão. Muitas palmas quanto terminaram. Larissa olhava para cada um e sorria. Era como a dizer que não tinha para ninguém.
Mas meu Deus! Chegou à vez dos Azuis. Arrasaram. Simplesmente arrasaram. Não apresentaram nenhuma dança. O que ouve? Alarme falso no microfone do Laercio? O que eles fizeram até os vermelhos tiveram que aplaudir. Uma apresentação primorosa. A fábula da Estrela Verde. Apresentaram soberbamente. Linda a historia. Deus mandou varias estrelas a terra. Voltaram desiludidas muitos anos depois. Disseram que a terra é um mundo ruim. Gente se matando, roubando, não existe amor e quando existe é só uma paixão passageira. Porque continuar lá? Disseram. Deus então deu falta de uma estrela. Onde está a Verde? Perguntou. Ela? Disseram. Ficou lá, achou que poderia ajudar os humanos a mudarem de atitude. A serem bons. A amarem uns aos outros. Deus e as demais estrelas então olharam para a terra e viram um clarão verde em volta dela.
Uma lição de moral para os vermelhos. Não pensaram nos outros só em sí próprio. Queriam a todo custo ganhar e para isto não mediram as consequências. Foram desonestos. Esqueceram que todos na Alcatéia são irmãos uns dos outros. E o pior os azuis quando receberam o premio foram a cada um dos lobinhos com a caixa oferecendo. Não disseram tire um, mas fique a vontade para escolher seu bombom preferido. Larissa ficou envergonhada. Foi até aos azuis e abraçou a cada um individualmente.  
Finalmente a palestra da Akelá na Pedra do Conselho foi linda. Ela disse que na Alcatéia todos são estrelas. Que estamos ali para aprendermos que a amizade vale tudo. Que devemos ganhar se possível, mas se não for, que se aplauda o vencedor. Parabenizou os azuis por serem tão gentis em distribuírem com toda a Alcatéia o premio. Larissa jurou para sí que nunca mais fariam o que fizeram. O gesto dos azuis tocou fundo em cada um.
E assim termina a operação Cavalo de Troia. Tudo deu errado. Mas tudo deu certo para aprender a crescer internamente. Isto é ser lobinho. Uma lição cada dia e um coração firme nas sendas do escotismo honesto, leal e sincero. Como é bom ser lobinho ou lobinha. Sorrir, cantar e ver sonhos realizados na Alcatéia de Sheone. 

E a matilha Vermelha continuou unida por muitos e muitos anos. Alguns passaram para a tropa, entraram outros, mas a amizade, a fraternidade e o respeito faziam parte da vida de cada um.
Nas cerimônias do Grande Uivo, os Vermelhos saltavam com alegria e vivacidade a dizer a plenos pulmões quem eram e o que seriam – “Melhor, melhor, melhor? – Sim, melhor, melhor, melhor e melhor”.

E quem quiser que conte outra...

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Saudades do meu Lampião Vermelho encantado


Saudades do meu Lampião Vermelho encantado

Saudades do meu lampião vermelho,

Quanto tempo fomos amigos
Luz amarelada, me vendo em seu espelho
Foram lindos acampamentos, sempre comigo
Que marcaram esse fedelho
Pois à noite, nuca deixou-me em perigo

Escolheram o tal lampião a gás
O motivo não sei dizer,
Mas você meu Lampião Vermelho,
Foi amigo e sempre me deixou fazer
Nunca me deixou só, clareou minha vida
Meu lindo amigo em tempo algum jamais irei te esquecer.


                Minha Avó olhava para mim e dizia – O lampião cum corosene só serve pra infeitá os comudu da casa. Era assim que ela falava. Eu gostava de minha avó. Mesmo com seu palavreado de mulher simples da roça, ela era a grande mãe que não conheci. Criou-me desde que nasci em uma casinha de barro e que ela sempre matinha limpa e asseada. Minha mãe morreu de parto e ela sozinha me criou. Plantava roça para sobrevivermos, não deixava que eu andasse de qualquer maneira e fazia questão que fosse à escola mesma que tivesse de andar seis quilômetros todos os dias.

               Um dia ela remexendo em um baú, tirou de lá um Lampião Vermelho a querosene praticamente novo. Lembro que ela disse que meu tio que morava na capital o trouxe para ela a muitos e muitos anos atrás. Sabe o que ele me disse? Ela dizia - Disse que este lampião é sentimental. Fala, chora e ri. Claro não acreditei. Olhei-o. Estava novinho. Era lindo! Não queria testar. Faria isso só junto aos meus amigos da patrulha Raposa em um belo acampamento de verão. Deixei-o guardado em meu quarto até o dia que ele seria entregue ao intendente da Patrulha Raposa. Esqueci-me de dizer, participava de um Grupo Escoteiro na cidade. Todo sábado lá ia eu com meu uniforme, marchando a pé pela estrada sempre cantando uma canção escoteira.

               Tinha um pequeno prego na parede em meu quarto. Pela alça o coloquei lá. Já ia saindo quando ouvi um barulho que parecia um toque na parede. Voltei-me e vi o Lampião Vermelho. Balançava e fazia sinais e dizia: - Gostei de você. Vamos viver juntos por longos anos. Você nunca vai se arrepender de me ter como amigo. Não era possível pensei. Lampião Vermelho não fala. Mas como soube de um chapéu de três bicos de um "Velho" "Chefe" Escoteiro e um bastão totem da Patrulha Pantera que falavam, porque não acreditar no lampião vermelho?

             No sábado seguinte o levei até a sede. Foi apresentado a Patrulha e ninguém ligou para ele. Não davam importância. Vi que ele olhou para mim com os olhos tristes. Achou que seria bem recebido. E o pior aconteceu. Quando o doei para a Patrulha ele chorou. Claro não vi chorar, mas fui embora tristonho. Soube que tinha chorado na reunião seguinte. Deu-me saudades e fui até ao almoxarifado. Ele estava caído no chão, a querosene não sei como jazia em uma poça ao lado dele. De novo em sinais me disse da sua tristeza. – Não me deixe aqui. Não tenho amigos, tentei falar com a barraca e as panelas, mas elas nem ligaram para mim. O único que me disse alguma coisa foi aquele feioso e metido lampião a gás. Ele se acha o tal.

          Dei uma desculpa ao Monitor e o levei de volta. Um belo sorriso vi no vidro que ele portava. Pendurei-o no velho prego do meu quarto. Vi que ele deu uma sonora gargalhada. De novo em casa, disse. Não sei por que comecei a gostar do Lampião Vermelho. Quando chegava da escola ou dos folguedos na rua, sempre ia ao meu quarto e dar um sorriso para ele. Ele sempre me dizia que quando fosse ao acampamento iria mostrar o quanto podia me ajudar. Nem prestei atenção a isto. Mas o dia do acampamento chegou. Minha mochila eu já tinha arrumado e ele esperando que eu o colocasse também na mochila. Esqueci-me dele.

          Vesti meu uniforme e fui até a cozinha pegar minha ração de campo. Cada um de nos levava uma pequena quantidade que no acampamento seria juntado às demais. Era assim que fazíamos, pois gastar com taxas era difícil. Minha Avó já sabia como preparar. Linda minha Avó. Quando coloquei a mochila e dei até logo a minha Avó ouvi um barulho no quarto. Lá estava ele a balançar na parede e a dizer – Não vai me levar? Não foi para isto que fui feito? Sorri sem jeito e o coloquei na alça da mochila junto com a meia lona da barraca. Coube direitinho. Ele deu uma boa risada e disse – Vamos meu amo, vamos para um lindo acampamento e eu estarei ao seu lado. Em frente marche!

         Os meus seis quilômetros foi feito com sempre cantando. Achei que ele cantava também, mas como? Lampião na fala e não canta. Mas o meu falava e cantava. Na sede ninguém o notou. Colocaram na carrocinha todo material de campo e por cima amarraram o lampião a gás que sorria todo dengoso. Foram três dias de acampamento. Como sempre eu adorava. Os raposas eram unidos e pareciam uma família quando acampavam. Eu era o cozinheiro da patrulha. Sabia que gostavam de meus “quitutes”. Fazia tudo com presteza e as noites o Lampião a Gás iluminava tudo em volta.

          No segundo dia aconteceu um acidente. Bem não sei se foi um acidente. Fizemos um tripé e colocamos lá o Lampião de gás e o meu Lampião Vermelho. Vi de longe que os dois se estranhavam. Por duas vezes o lampião de gás bateu com força no meu lampião vermelho. Ele quase caiu. Ficou quieto. Saímos para fazer um grande jogo a tarde e só voltamos lá pelas seis já escurecendo. O Monitor gritou com todos: - Algum animal jogou os dois lampiões no chão. O lampião gás jazia com o vidro quebrado e camisinha em pandarecos. O lampião vermelho estava em pé e nada quebrado e quando olhei para ele o danado sorriu.

            Não ficamos no escuro à noite. Acendi o Lampião Vermelho e apesar de não ser uma luz clara que fazia o campo ficar como o dia o danado resolveu bem o problema. A noite sentados a beira de um pequeno fogo em frente a minha barraca logo todos se aproximaram. Ficamos ali conversando, cantando e vi que o Lampião Vermelho sorria. Estava feliz. Piscou para mim e por sinais me disse: Está vendo? Afinal eu sou um lampião dos bons! Pensei comigo, metido mesmo este Lampião Vermelho.

           No outro dia enquanto fazia o café da manhã e assava uns pães do caçador, o Monitor e mais dois da Patrulha se aproximaram. Começamos a conversar. Logo a conversa evoluiu para o Lampião Vermelho. Todos diziam que ele dava um aspecto mais mateiro ao acampamento. A noite ficava mais linda e as estrelas no céu brilhavam mais efusivamente. Não tinha pensado por este lado, mas olhei para o Lampião Vermelho pendurado próximo a nós em um tripé mais reforçado e vi que ele balançou para um lado e outro. Sorria como sempre o danado.

           Ouve outros acampamentos. Outras excursões. Lá estava o Lampião Vermelho a nos guiar e com sua luz bruxuleante nos trazia mais próximo à natureza. Ele mesmo nos ensinou como preparar o seu pavio para dar maior claridade. Ensinou-nos também que a querosene devia ser colocada pela metade em seu bujão. Ensinou que o pavio não devia ficar alto se não a chama forçava com a fumaça e iria sujar o vidro. Notei que os outros também passaram a conversar com o Lampião Vermelho.

             Por diversas vezes os patrulheiros da Raposa iam me visitar só para conversar com o Lampião Vermelho. Ele quando era noite pedia para acendê-lo e lá fora em frente ao meu barraco de barro, levávamos um banco de madeira e dois banquinhos e ficávamos horas e horas conversando. Minha Avó ao longe cantava uma canção sua predileta e olhava para nos embevecida e orgulhosa. O Lampião Vermelho agora era mais um da raposa. Ele também contava histórias, pois nunca mais perdeu uma atividade da patrulha.

              Um dia consegui passar em um vestibular para uma faculdade. Claro, já quase adulto e tive que ir para uma cidade grande. Iria levar minha Avó comigo, pois sabia que ia trabalhar de dia e a noite estudar e precisava dela como ela precisava de mim. Conversei horas e horas com o Lampião Vermelho. Vi que a tristeza e a dor da despedida o fizeram chorar baixinho. Eu também chorei. Não sabia o que fazer. Levá-lo comigo ou deixá-lo com a Patrulha? Dei a ele inteira liberdade de escolher. Você decide meu querido Lampião Vermelho.

             Não foi uma decisão fácil. Mas ele preferiu ficar com o novo Escoteiro que estava na Patrulha vindo do lobinho. Vi que eles se entendiam perfeitamente. Ele mesmo me disse que na cidade seria somente uma relíquia ou uma recordação de um passado saudoso. Ele não queria ser uma recordação. Achava que tinha muito ainda para iluminar as noites escuras dos acampamentos junto aos jovens escoteiros sonhadores. Assim como foi meu amigo e iluminou meus dias de juventude ele achava que iria ajudar em muito a nova juventude que iria aparecer na patrulha.

             O dia em que o Noviço foi buscá-lo, ele me olhou e chorou. Eu também chorei. Disse para ele: - Lampião Vermelho você me fez chorar muitas vezes. Deu-me muitas alegrias também. Mostrou-me novos caminhos, novos horizontes. Iluminou minhas noites alegres e tristes. Fez de mim um homem com sua maneira honesta de ver as coisas.  Não queria perder você, mas o destino muitas vezes não nos dá condições de escolha.

            Adeus meu querido Lampião Vermelho. Adeus. Espero que faça a todos felizes como me fez feliz por todos estes anos que ficamos juntos. Fiquei ali na porta do meu barraco de barro, a ver o Lampião Vermelho balançar e ficar sorrindo para o Noviço. Notei que os dois conversavam animadamente. Minha Avó veio de mansinho e me deu um abraço. Chorei nos braços dela. Nunca mais voltei àquela cidade. Nunca mais soube onde anda o Lampião Vermelho que fez parte da minha vida. Acho que ainda existe e deve estar fazendo milhares de acampamentos, excursões e vivendo uma vida feliz junto aos escoteiros que sempre amou.

               Seja feliz meu amigo Lampião Vermelho. Seja feliz. Escolhemos dois caminhos e cada um de nós agora devemos procurar encontrar a nossa felicidade. A luz bruxuleante do Lampião Vermelho me veio à mente. Em segundos revivi toda a vida que vivemos juntos. Moro agora em uma cidade grande. Não tenho mais o meu Lampião Vermelho e nem posso ver mais as estrelas no céu. Outros objetos e aparelhos o substituíram. Mas apesar de tudo nunca esqueci e nunca vou esquecer os dias felizes que passei junto ao meu amado Lampião Vermelho!

E quem quiser que conte outra.           
        
Minha infância na roça

Ai! Que saudades do lampião a querosene,

Das tardes canoras do meu sertão.
Dos passeios pelas roças de café,
Vendo o sabiá beliscando o mamão.
O amanhecer na roça era gostoso de ver
Ar puro, cheiro de relva, neblina na baixada,
Gado bom de leite, a ordenha quente pra beber,
O dia mal clareava eu ouvia o cantar da passarada.

Á aurora se desfazia dando lugar ao sol quente

No espigão um pé de ipê jazia florido e solene,
O vovô e o papai saiam cedo, sempre contentes,
Cultivam a mãe terra que nos dava o sustento.


José Aparecido Botacini



Era uma vez... Em uma montanha bem perto do céu...

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