segunda-feira, 26 de março de 2012

A sombra de um sonho. A história de Karem, uma chefe de escoteiras.


A sombra de um sonho.
A história de Karem, uma chefe de escoteiras.

Se põe sua alma e seu coração em um sonho, o universo conspira para ajudar-te a consegui-lo.

                Lembro perfeitamente quando Karem nos procurou no Grupo Escoteiro naquele sábado cinzento. Ainda não chovia. A meteorologia dizia que ia chover forte. Mas não choveu. Karem era bonita, uma beleza diferente. Tinha uma simpatia que demonstrava ter um carisma sem igual. Acho até que tinha um porte dominador. Acreditei que devia ser alguma executiva ou então exercesse um cargo importante em alguma empresa de porte. Cabelos loiros, amarrados em um “rabo/cavalo” óculos escuros (acho que com grau), alta, magra, e um sorriso encantador. Junto uma jovenzinha igual à mãe. Igual não. Era linda. Linda mesmo.

               Karem veio matricular sua filha. Pediu desculpas. Ainda tinha muito que fazer em casa. Se pudéssemos atender logo ela ficaria agradecida. Disse-nos que trabalhava de segunda a sexta, chegava à noite em casa e nos fins de semana é que acontecia colocar tudo em dia. Explicamos como era. Ela preencheu a papelada, deixou as taxas pagas. Assumiu o compromisso de participar de um informativo Escoteiro no mês próximo.

               Loana Luiza não ficou triste quando sua mãe se foi. Participou ativamente como se a alcateia fosse seu lar há tempos. Loana Luiza era um jovem de seis anos e meio. Mas uma vivacidade de dez anos. Tinha tudo em casa. Seus pais compravam presentes caros, estudava em um colégio particular, um dos melhores da cidade. Sua amiga Lorena foi quem lhe fez o convite e lhe emprestou um livro chamado o Guia do Lobinho. Foi à conta. Não deu mais sossego a sua mãe para entrar como lobinha.

                Karem foi busca-la às dezoito horas em ponto. Horário determinado para o encerramento. Viu a alegria na face da filha. Isso a fez feliz também. Reparou que todos sorriam quando iam embora. Os sábados voltaram. A ida e volta de Karem continuava. Isso estava tomando seu tempo. Valia pela filha. Mas ela tinha muitas obrigações e não podia se dar ao luxo de ficar sem fazer nada e esperar a filha na porta da sede.

                Karem era nova ainda. Estava com vinte e oito anos. Oito de casada. Casou nova e não pensou muito de sua nova vida com Sergio Augusto. Achou que seria sua maior alegria e viveria feliz para sempre. Sonhos de todas as moças. Claro, Sergio Augusto era um ótimo marido. Mas quase não ficava em casa. Trabalhava muito e dava assistência as filiais de sua empresa que se espalhavam pelo Brasil e América do sul. No inicio ela não trabalhou. Formada em Letras e Pedagogia, se matriculou em um curso de pós-graduação em uma escola em São Paulo, cidade onde morava.

                Tratava-se da Babson College, eleito a melhor escola do gênero no país. Queria aprimorar seus conhecimentos em mestrado acadêmico. Queria alargar sua área de conhecimento e se possível ver outras disciplinas mais avançadas. Foram quatro anos de esforços enormes. Ainda bem que sua mãe Dona Celeste lhe deu uma força ficando quase o tempo todo com Loana Luíza. Achou que não podia continuar assim, mas uma proposta irrecusável de uma multinacional francesa fez com que mudasse de ideia.

               Agora via que sua vida era uma desempenho profissional. No inicio ia aos sábados trabalhar. Mas agora não. Sergio Augusto continuava ausente. Ela não poderia deixar Leona Luiza somente com sua mãe. Parou de trabalhar aos sábados. Mesmo com sua mãe e uma faxineira os fins de semana lhe tomavam muito tempo. Quando Leona Luiza lhe disse dos lobinhos ficou preocupada. Agora sua ida ao Grupo Escoteiro estava lhe tomando muito tempo e assumiu o compromisso do tal curso. Um domingo inteiro.

              Chegou no horário. Não eram muitos. Menos de quinze. A maioria mulheres. Ela riu. Era sempre assim. Os homens não tinham tempo. Era um curso diferente. Alegre, divertido e jovial. Enturmou-se logo. Fizeram uma Patrulha com nome e grito. Ela riu bastante. O dia passou sem ela perceber. Nem se lembrou dos seus afazeres em casa. No final, atrasaram-se mais de uma hora. Convidaram-na para um encontro em casa do presidente. Todos os pais iam. Uma rotina no grupo. Ela ficou em duvida. E sua casa? E seus afazeres?

             Mas resolveu ir. Levou sua mãe e Leona Luiza. Pediram para levar salgados e refrigerantes. Gostou da festinha. A maioria de uniforme. Uma turma amiga, sem preconceitos, a maioria gente humilde. Ninguém para lhe dizer o que fazia como era sua vida, nada. Era como se ela fosse da família. Onze da noite achou que deveria ir embora. Estava ótimo ali, mas precisava voltar. Sabia que iria ficar até a madrugada fazendo o que não fez.

           Ao chegar a casa viu que Sergio Augusto tinha voltado de viagem. Ele estava com cara de quem não gostava do que acontecia. Explicou. Mesmo assim ele foi dormir sem comentar. Seu casamento existia, mas ela sabia que bastava uma faísca para tudo terminar. Gostava de Sergio Augusto, no entanto a vida a dois praticamente não existia. Pensava que seria difícil uma volta ao passado. Deitou ao seu lado ele dormia tranquilamente. Ficou horas acordada pensando.

         No sábado seguinte ao levar Leona Luiza, viu tudo de maneira diferente. Parecia que ela era um deles. Claro que não era. Mas ficou ali olhando. Sua filha sorrindo, cantando, correndo vivendo uma aventura que ela também queria viver. Infelizmente não podia. Ou podia? Claro que não. Não tinha tempo. Agora com Sergio Augusto de volta nem poderia pensar nisso. Uma assistente pediu se ela ajudaria em um jogo. Claro disse. Eram escoteiras. Um jogo corrido, gostoso, ela pensou – As meninas vibravam. Eu poderia estar ali com elas jogando, pensava. Preciso disto. Preciso mesmo.

         A semana como sempre corrida. Uma nova promoção. Mais serviço. Mais tarefas. Ganhava bem. Muito bem. Sergio Augusto também tinha um bom salário. Sempre o carro do ano. Tinham um apartamento no litoral. Quando tempo sem ir lá? E o sitio? Abandonado tinha certeza. Só lembrava-se do depósito mensal do caseiro. Nem tinha mais a ideia de sua fisionomia. Esqueceu o escotismo. O Grupo Escoteiro. Mas o sábado chegou. Lá foi ela. Os mesmos sorrisos. Desta vez muito mais. Natalia a chefe escoteira a convidou para ajudar em um acampamento no mês seguinte.

         E agora? Era um fim de semana prolongado. Ir? Como? E seus afazeres no fim de semana? De novo sua mãe tomando conta de Leona Luiza? Se fosse não poderia leva-la. Mas como seria o acampamento? Só pensava nele. Esqueceu as dificuldades. Nossa! Estava até esquecendo-se de Leona Luiza! Durante a semana o tema ficou martelando sua cabeça. O que estava acontecendo com ela? Que movimento era aquele para mexer assim com sua cabeça? Não era uma menina. Era uma executiva. Uma excelente profissional. Responsável. Mais de cento e cinquenta funcionários para liderar.

       Mandou um e-mail para Natalia. Iria. Deus do céu! Tinha que ir. Não podia esquecer o convite. Foi feito com amor. Achavam que ela podia ajudar. Deixou seus afazeres. Comprou uma mochila. Um saco de dormir. Talheres. Uma manta, um cantil um canivete que disseram ser canivete Escoteiro. Um cabo trançado. Riu de suas compras. Recebeu uma copia do programa a ser realizado no acampamento. Riu. Não entendeu nada. Explicou para Sergio Augusto. Ele chamou sua atenção. Você é responsável pela casa. Vai deixar sua filha assim?

      No dia marcado lá estava ela. No horário. Vestia simplesmente. Uma calça jeans azul desbotada. Uma blusa branca. Levou um chapéu de palha. Sua mochila cheia. Pesada. Nossa! Quanta coisa ali. Estava assustada. Todos a cumprimentaram. Uma a uma. Que coisa linda pensou! No ônibus canções, sorrisos, sonhos, todas querendo que a vida lhes passasse assim, como um pensamento marcante de dormir sob as estrelas.

        Foram três dias. Que dias meu Deus! Os mais lindos da sua vida. Riu ao ajudar a armar a barraca. Riu com suas mãos cheias de calos ao manusear sem parar o facão e a machadinha. Um mundo novo. Um novo mundo cheio de esplendor. Um cansaço tremendo a noite, mas uma alegria de ter cumprido sorrindo sua jornada. Quando a convidaram a noite para ir até a lagoa do Jasmim, ela pensou que estava no paraíso. Uma visão incrível do céu nas transparentes aguas da lagoa.

        O fogo de conselho, os jogos, as inspeções, a comida. Risos. Essa era especial. Ela não sabia cozinhar. Escalaram-na. O arroz um horror. O macarrão duro. Os ovos cozidos foram fáceis. Ainda bem que tinha muitas azeitonas verdes e pretas. Ela se deliciou. A chefia ria com gosto. Depois todos vieram lhe dar os parabéns. Na despedida durante o cerimonial de bandeira, lhe disseram que estava preparada para a promessa. Era só fazer o uniforme!

       O que? Eu de uniforme? Só rindo! Não posso. Sou ocupada. Uma executiva. Responsável por muitos. Aqui serei um “encosto”, nunca dará certo! Voltou para casa alegre como nunca esteve em toda a sua vida. Tentou contar para Sergio Augusto. Ele só disse humm! Leona Luiza e sua mãe riram a valer. Seu superior mandou chama-la na quinta. O que está havendo Karem? Você está assim meio descolada. Ela riu. Não podia contar. O acampamento não saia de sua cabeça.

      Não dava para ficar fora. Não dava. Ficou como assistente na tropa feminina. Participava ativamente. Fez um dois e três cursos de formação. A sua promessa foi inesquecível. Tinha uma enorme biblioteca escoteira. Lia tudo. Falava inglês com perfeição e para sua surpresa Sergio Augusto lhe trouxe da Inglaterra diversos livros de Baden Powell (BP). Virava as noites lendo. Tentou convidar Sergio Augusto para visitar o grupo. Já pensou? Se ele também participasse seria seu sonho realizado.

       Mas ele ria e dizia – Eu? Nunca. Aquela calcinha curta eu não curto. Um sábado para sua surpresa Sergio Augusto chegou a sua casa e junto um chefe escoteiro. Uniformizado. Calcinhas curtas como ele dizia. É meu chefe no Chile. Um americano. Quando lhe contei insistiu em conhecer seu grupo. O que posso fazer? Foram os quatros contando historias. Zachary o chefe do Sergio Augusto era um Escotista de primeira. Desde criança. Contou-nos historias passadas em seu estado. O Texas. Sua família era de Denver City, uma pequena cidade com menos de quatro mil habitantes, mas tinha mais de cem escoteiros de todas as idades.

         Zachary foi bem recebido por todos. As tropas clamavam sua presença e ele organizava jogos, canções, contava historias. À noite fomos a um encontro festivo em casa de um diretor do grupo. Muitos foram. Eram feitas regularmente. Cada um levava salgados, doces, refrigerantes e os amantes de cerveja não a deixavam para trás. Sergio Augusto se entrosou. De roda em roda falava e ouvia. Zachary era o mais animado. Um portunhol danado de ruim. Sempre a sua volta todos querendo saber como era o escotismo americano. Zachary bateu no ombro de Sergio Augusto. Meu amigo, você tem de conhecer. O escotismo tem um bichinho que quando entra em você nunca mais vai sair.

         Sergio Augusto dava boas risadas. Nosso Diretor Técnico apesar de reservado era uma excelente pessoa. Ficou amigo de Sergio Augusto. O convidou para uma excursão no domingo seguinte. Aceitou mas com ressalvas. Explicou que viajava muito. Nunca poderia assumir uma responsabilidade direta com os jovens. Karem viu seu mundo se transformar. De uma executiva que não tinha tempo agora era uma assistente escoteira e sabia que não ia parar por aí.

         O bichinho a mordeu. Ela agora amava o escotismo. Sorria porque sua filha também adorava e melhor, mesmo não sendo participativo Sergio Augusto aceitou ajudar nas especialidades. Deram a ele um certificado de formador de especialidades. Ele mostrava a todo mundo e sorria. Agora sou o tal no escotismo. E dava boas gargalhadas. Karem não parou por aí. Em dois anos conseguiu a Insígnia da Madeira. O Diretor Técnico estava muito doente. Insistiram com ela para ser a candidata ao cargo nas próximas eleições.

         Aceitou. Foi eleita. Já pensaram nela como Distrital. Ela ri. Calma gente. Ainda tenho meu trabalho minha família. Loana Luiza fez catorze anos. Recebeu sua Liz de Ouro. Karem estava feliz. Conseguiu muita colaboração para o grupo nas empresas que tinha amigos. O grupo cresceu. Uma proeza Karem conseguiu. Uma fabrica de componentes de moto, aceitou financiar a todo o grupo no próximo Jamboree que iria se realizar no Brasil no ano seguinte.

        Como foi a viagem, o susto de todos os participantes do jamboree em verem mais de cento e oitenta participantes de um só grupo, as lembranças que ficaram marcadas para sempre, as trocas de distintivos, tudo impossível descrever. Karem venceu uma batalha. Hoje se consideram uma família feliz. Lembrava sempre o dia que Sergio augusto chegou vestido com sua “calcinha” curta e fez a promessa. Juntos escoteirando. Ainda trabalhava, mas interessante, agora eles tinham tempo para temporadas em seu apartamento e frequentemente iam ao sitio. Um local perfeito para acantonamentos de lobinhos.

       Não sei como o escotismo faz isso. Muda as pessoas. Alguém um dia me disse – Chefe convide para o grupo os ocupados. Os que não têm o que fazer não tem nada para fazer aqui. Risos. A história de Karem não é única. Outras tantas se multiplicam pelo mundo. Um filho, uma filha, um convite, um fato interessante e lá está o bichinho Escoteiro mordendo e dizendo – Você agora é um dos nossos. Venha, participe. Seja feliz como todos nós somos!
E quem quiser que conte outra...

Não tenha medo de dar um grande passo, caso ele seja recomendável; é impossível atravessar um abismo com dois saltos pequenos.


segunda-feira, 12 de março de 2012

Prometo pela minha honra, Nunca mais outra vez...


Prometo pela minha honra,
 Nunca mais outra vez...
Se
Se fores capaz de manter tua calma, quando,
Todo mundo ao redor já a perdeu e te culpa.
De crer em ti quando estão todos duvidando,
E para esses, no entanto, achar uma desculpa.

Se fores capaz de esperar sem te desesperares,
Ou, enganado, não mentir ao mentiroso,
Ou, sendo odiado, sempre ao ódio esquivares,
E não parecer bom demais, nem pretencioso.

Se fores capaz de pensar – sem que a isso só te atires,
De sonhar – sem fazer dos sonhos teus senhores.
Se, encontrando a Desgraça e o Triunfo, conseguires,
Tratar da mesma forma a esses dois impostores.

Se fores capaz de sofrer a dor de ver mudadas,
Em armadilhas as verdades que disseste
E as coisas, por que deste a vida estraçalhadas,
E refazê-las com o bem pouco que te reste.

Se fores capaz de arriscar numa única parada,
Tudo quanto ganhaste em toda a tua vida.
E perder e, ao perder, sem nunca dizer nada,
Resignado, tornar ao ponto de partida.

De forçar coração, nervos, músculos, tudo,
A dar seja o que for que neles ainda existe.
E a persistir assim quando, exausto, contudo,
Resta à vontade em ti, que ainda ordena: Persiste!

Se fores capaz de, entre a plebe, não te corromperes,
E, entre Reis, não perder a naturalidade.
E de amigos, quer bons, quer maus, te defenderes,
Se a todos podes ser de alguma utilidade.

Se fores capaz de dar, segundo por segundo,
Ao Minuto fatal todo valor e brilho.
Tua é a terra com tudo o que existe no mundo,
E – O que ainda é muito mais – És um homem, meu filho!
Rudyard Kipling


              Nunca pensei que aquele dia chegasse. Mas para dizer a verdade eu não era toda essa “potência” que pensava ser. Desde criança nunca fui determinado. Muitas vezes desistia no meio do caminho. E olhem, foram muitos desafios. Do Zé Venâncio que sempre era um forte e eu apanhando, do jogo de bolinhas de gude que perdia tudo para o Felinto das Mercedes. E até quando meu pai me presenteou com um papagaio lindo (hoje chamado de pipa) e uma manivela gigante. Roubaram-me na esquina da linha férrea e eu não reagi com medo.

              Um dia encontrei com Plínio. Tinha a minha idade. Sete anos. Estava com um uniforme de lobinho. – Dalton, entre para os escoteiros. Lá você vai se sentir protegido. Quem bate em alguém de lá, tem de bater em todos. – Ops! Interessei-me. Chega de só levar a pior. Convenci meu pai a me levar. Não foi difícil. Um grande pai. Sempre me apoiou em tudo até o dia que morreu sozinho em sua casa no sitio da Manga Larga. Não é esta historia que estou contando. Não é para ser contada. Quem sabe um dia?

              Fui bem recebido. Senti-me em casa. Uma amizade incrível. Agora era forte. Outro sorriso. Andava em turma. Ainda sem uniforme. Todos que não eram dos escoteiros me olhavam de outra maneira. Leví, filho do Inácio Barbeiro veio me devolver à manivela e o papagaio. Zé Venâncio me olhava espantado. Eu dava risadas. Até que o Akelá veio conversar comigo. Impressionou-me. Tinha sete anos, mas entendi bem o que ele dizia.

             Dalton – ele disse – Aqui você vai aprender a ser um homem. Saiba quer o lobinho não desiste. Ele caminha sempre em passadas largas. Você tem de perceber que tudo vale a pena com seus amigos. Eles agora são seus irmãos. Se um dia for desacreditado e ignorado por todos, você não pode desistir. Vencer com honestidade e dar a volta sempre que for necessário nas horas difíceis. As palavras ficaram marcadas em mim. Achava que era um derrotado, mas agora era um deles. Um lobinho. Um vencedor.

            Fiz minha promessa de lobinho. Aprendi que o lobinho está sempre alegre, diz sempre a verdade, que devia pensar primeiro nos outros e depois em si próprio. Que devia me manter de olhos e ouvidos abertos. Aprendi muitas coisas. Consegui minha primeira estrela, a segunda. Mas não consegui o Cruzeiro do Sul. Não sei por quê. Chorei muito, pois minha idade “estourou” e disseram que devia ir para os escoteiros.

            Pensei em desistir. Afinal não consegui meu primeiro sonho no escotismo. Achava que alguém não entendeu meu amor por ele. Não era melhor desistir e ir embora? Mas lembrei das palavras do Akelá. – Desistir dos sonhos é abrir mão da sua felicidade. Desiste-se uma vez irá desistir sempre. Assim acontecendo estaria condenado a fracassar sempre em minha vida. Agora fazendo onze anos e o que tinha aprendido na alcatéia, sabia que devia lutar e que nunca poderia desistir.

            Gostava da minha patrulha. Para dizer a verdade eu amava todos meus amigos da Lobo. Meu primeiro acampamento foi um marco na minha vida. Pela primeira vez dormi em barracas. Pela primeira vez fiz meu arroz queimado. Risos. Pela primeira vez deixaram em acender uma fogueira e todos cantaram em volta dela. Pela primeira vez observei as Três Marias. Bem perto a Fênix e ao lado a Ursa Maior e a Ursa Menor. Quem diria! Ali ao lado de Ivan, o nosso monitor estava aprendendo a reconhecer no céu as constelações que nos daria um caminho a seguir.

            Minha promessa escoteira foi maravilhosa. Disseram que era meu dia. Só meu. Nunca esqueci. O Chefe Fabiano foi e é até hoje meu amigo. Nunca me deixou mesmo quando aconteceu aquele fato que até hoje me arrependo. Mas foi bom. Uma lição de vida. Deus meu! Eu era um derrotado? Afinal não tinha objetivos? Ou se os tinha porque sempre queria desistir? Precisava agüentar a pressão da vida. Todos na patrulha sabiam disso e o chefe Fabiano sorria e dizia – Dalton – quem quiser vencer na vida, deve fazer como os sábios, mesmo com a alma partida, ter um sorriso nos lábios. E completa, frase de dina Mor, um grande poeta.

             Estávamos nos preparando para o desfile do Sete de Setembro. Uma festa na cidade. Eu orgulhoso. Levava a bandeira do grupo na frente das patrulhas que desfilavam marchando garbosamente. Chamávamos do pelotão do pavilhão nacional. Nossa fanfarra era bem considerada. Não era a melhor, mas sua harmonia era perfeita. Quando passamos em frente ao palanque tropecei. Cai feito uma laranja podre e o Mastro da bandeira se partiu. Todos rindo. No palanque vi o prefeito rindo a mais não poder. As autoridades se abraçavam rindo de mim. Uma vergonha! Um desastre em minha vida! Chorei e sai correndo. Corri para minha casa.

             Fui para meu quarto. Meus pais não estavam lá. Estavam no desfile para me ver. Peguei uma coberta e me enrolei na cama e chorava. Era assim todas as vezes que me sentia impotente. Pensei em não sair dalí nunca mais. Meus pais chegaram. Chamaram-me e não quis abrir a porta. Insistiram. Abri. Lá estavam eles, o Chefe Fabiano e o Ivan o meu monitor. Abraçaram-me. Palavras de consolo. Serviriam? Ainda estava propenso a não voltar mais aos escoteiros.

           Meu pai me disse umas palavras que me marcaram profundamente. Você pode desistir por seus objetivos, mas saiba que desistir é coisa de fracos. Dos inúteis que não agüentam pressão. Eram ásperas suas palavras. Ele nunca falou assim comigo. – Levante a cabeça meu filho.  Enfrente agora, saiba que sua vida será uma sucessão de equívocos e humilhações. Não pode fraquejar. Não existem segredos para desistir, mas existem segredos para vencer. Quem tem de descobrir quais segredos é você.

           Voltei ao grupo. A patrulha. Ninguem me criticou. A vida voltou ao normal. Recebi minha Segunda Classe. A especialidade de Acampador, Sinaleiro e Socorrista recebi com orgulho. As demais vieram naturalmente. O dia da jornada chegou. Meu companheiro de jornada foi o Mucio. Ele também estava encaminhando para a Primeira Classe. Ficamos dias com o Chefe Fabiano e com o Ivan nosso monitor. Aprendi tudo de croqui, leitura de mapas. Percurso de Giwell, passo duplo, passo escoteiro, sabia que não iria falhar.

          Mas falhei. E falhei feio. Uma forte chuva. Colocamos as capas que fizemos de plásticos que nos foram presenteados pelo Sr. Omar, dono da Fabrica de Calçados. Quando colocávamos a capa, um vento enorme. Caímos. A ponte foi destruída por uma enchente inesperada. Nossas mochilas foram levadas. Um vento forte. Corremos para uma arvore próxima e passamos nosso cabo em volta e ali ficamos até a tormenta passar.

          Primeiro dia de jornada. Um fiasco. Não podíamos perder o material. Outra vez querendo desistir de tudo. Eu não tinha sorte pensava. Voltamos à sede, avisamos o chefe responsável pela jornada. Ele não era um bom chefe, nos chamou de inúteis. Tentamos argumentar e ele não aceitou. Finalmente disse que por seis meses não deixaria que fizéssemos novamente. Fui para casa. De novo deitei na cama. Enrolado na coberta. Chorando. Um bebê chorão eu era isso sim.

            Desta vez ninguém me procurou no quarto. Afinal foram tantas as vezes que me achavam um poltrão. Um “pobre diabo” que não seria nada na vida. Sempre desistindo. Ou eu dava a volta por cima ou eu ficava ali, escondido no quarto, debaixo de um cobertor chorando. Tomei vergonha. Parei de chorar. Sentei na cama e pensei – Tenho que conseguir a Primeira Classe. Devia isso ao Ivan, ao chefe Luciano e ao meu amigo Rogério que estava comigo na jornada fracassada.

            Um belo dia refiz a jornada. Perfeita. Sem erros. Sem chuva. Risos. Deu tudo certo. Recebi a Primeira Classe e o cordão Verde e Amarelo. Depois o cordão Vermelho e Branco e por último o cordão Dourado. Ainda não existia o Liz de Ouro. Só o Escoteiro da Pátria para sênior. Fiquei na tropa por mais um ano. Resolveram organizar os seniores. Ainda não existia a tropa. Para dizer a verdade, não estava muito motivado.

            Na primeira reunião achei o Chefe Gui meio fraco. Estava analisando sem o conhecer bem. Éramos seis. Uma só patrulha. Ele em vez de fazer uma eleição para monitor escolheu o Jean. Esperava uma eleição na patrulha. Não gostei. Achava que eu tinha o direito. Afinal não fui monitor na Lobo e agora também na Andrômeda? Não disse nada. A reunião terminou. Na porta disse ao Jean que não iria voltar. Não seria mais escoteiro. Mas Dalton, outra vez? O que valeu sua promessa? As palavras de seu pai e dos chefes?

            Não respondi. No meu quarto fiquei sentado na cama como sempre fazia. Já estava com quinze anos e daí a dois meses iria fazer dezesseis. Fiquei pensando em minha vida. Sempre assim? Sempre um chorão? Sempre desistindo? Mas não tinha forças para tomar uma atitude. Peguei um livro por acaso no criado mudo ao lado da minha cama. Abri. Na segunda folha li e chorei, dizia – Bom mesmo é ir à luta com determinação. Abraçar a vida com paixão. Perder com classe, e vencer com ousadia. Porque o mundo pertence a quem se atreve e a vida é “muito” para ser insignificante. Escrito por Augusto Blanco.

             Na reunião seguinte fiquei na esquina da rua da sede. Estava com receio de me aproximar. Já tinha dito a todos que nunca mais voltaria. Seria que valeria a pena minha volta? Afinal pensei que todos ali na patrulha me achavam um chorão, um poltrão, um "Zé Ninguém”, que por qualquer coisa desistia. Não seria melhor que ficassem sem mim? Era uma duvida. Uma decisão, mas se a tomasse teria que ser para sempre. Jurei a mim mesmo que nunca mais iria desistir. E fui em frente.

              Uma alegria grande na minha chegada. Abraços, a patrulha dando o grito e me saudando. Não sei se merecia. Mas dizem que o segredo para vencer em qualquer jogo é muito simples. Fingir que está ganhando e quando eles descuidarem dar o xeque-mate da minha lealdade. Isto eu fiz. Fiquei nos seniores por anos e como não tínhamos Clã entrei como assistente da tropa escoteira. Ali fiquei por cinco anos. Aos 25 recebi minha Insígnia de Escoteiros.

              Aos trinta anos me elegeram como Chefe de Grupo. Para mim uma honra. Agora não sabia mais o que era desistir. Casado, dois filhos, ambos no grupo como lobinhos, não poderia ser mais o escoteiro chorão do passado. Ainda bem. Muitos lutaram por mim. Hoje eu faço o mesmo. Luto por muitos. Cada jovem do grupo faz parte de mim, faz parte da minha vida. Dou a vida por eles se for preciso. Passei por muitas situações difíceis, mas a todos enfrentei com um sorriso nos lábios.

35 anos depois

                   Convidaram-me para assumir como Diretor Técnico do Grupo Escoteiro Águia de Haia. Sempre fui escoteiro e hoje devido aos meus afazeres estava inativo. Morava naquela cidade a menos de um ano. Transferido de minha empresa para dar uma “arrumada” em nossa filial que não ia bem das pernas. Gostei da cidade. Achei que iria ficar ali por muito tempo. Mas acreditem de grupo só o nome. Não existia ninguém. Teria que começar do nada. O pároco foi insistente. Não tinha nada a fazer aos sábados. Portanto porque não?

                   Recebi as chaves e entrei na sede. Abandonada completamente. Poeira e teia de aranhas se espalhavam por todo canto. Quantas histórias ela não guardava. Mãos a obra. Fiz uma limpeza completa com ajuda de meninos que me viram lá. Não disseram nada a não ser – Quer ajuda? Risos. Futuros escoteiros. No final entreguei a cada uma copia do pedido de inscrição. A celebre modelo 120. Fiquei só e fui aos arquivos. Livro de ata do grupo, de patrulhas, do Conselho de Chefes. Fiquei até meia noite lendo. Uma historia. Uma epopéia. Um grande grupo.

                  Embaixo de muitos papeis encontrei algumas folhas escritas. Era do penúltimo Diretor Técnico naquela época chamado de Chefe de Grupo. Li. Uma espécie de diário. Fiquei emocionado. Chorei até. Uma história de uma vida que deu certo. Do nada para o tudo. De alguém derrotado para um vitorioso. Seria agora meu motivo maior para fazer do Águia de Haia um grande grupo. Devia isto ao chefe Dalton. No final ele dizia que estava com câncer. Tinha poucos anos de vida. Com ele eu vi que uma palavra ou uma frase deve ser abolida do vocabulário escoteiro. Desistir! E na outra que deixou no final dos seus escritos resumiu tudo àquilo que ele foi um dia e aprendeu a nunca mais ser.

Nunca mais outra vez...


E quem quiser que conte outra...

Esperança é a última que morre!

Não se acostume com o que não o faz feliz,
Revolte-se quando julgar necessário.
Alague seu coração de esperanças,
Mas não deixe que ele se afogue nelas.
Se achar que precisa voltar, volte!
Se perceber que precisa seguir, siga!
Se estiver tudo errado, comece novamente.
Se estiver tudo certo, continue.
Se sentir saudades, mate-a.
Se perder um amor, não se perca!
Se o achar, segure-o!


terça-feira, 6 de março de 2012

ACAMPAMENTO, UM SONHO POSSIVEL



Impisa – “O lobo que nunca dorme!”.

“Não é necessário andar pelos campos afora para entrar em contato com a natureza. O corpo humano e suas maravilhas. A natureza microscópica. O mundo animal. A mente. O Divino. A alma. Tudo isso leva à conclusão de que Deus é amor”.
                           
 Claro que Gegê não era um intrépido. Nem tão pouco valente. Mas tinha lido tantas historias de Baden Powell (BP) que ele pensou que poderia ser um assim. Bem era outra época, não havia uma tribo dos Ashantís para lutar, e Mafeking hoje era uma cidade pacificada. Pena que ele não pudesse voltar no tempo na guerra do Transwall. Se pudesse! Mas quem sabe ele conseguiria algumas aventuras na sua cidade?

                            Gegê tinha treze anos. Um menino cheio de ideais. Um Escoteiro sonhador. Em sua Patrulha todos achavam graça dele. Seu Monitor sabia que sua mente fervilhava. Ele não sonhava como Dibs, o menino em busca de sí mesmo ou como nas Aventuras de Tom Sawyer “O que um menino faz num sonho não faz também quando acordado?”. Dizem que todo menino normal (parodiando Mark Twain) tem hora que surge um desejo furioso de ir a algum lugar e descobrir um tesouro enterrado. Gegê era assim. Um sonhador!

                             Gegê não saia à noite. Sempre ia para a varanda de sua casa e ali devorava os livros de Baden Powell (BP). Fechava os olhos e pensava que podia ser um dos dezoito escolhidos por ele para o primeiro acampamento em Brownsea. Sentado na cadeira de balanço de sua vó, Gegê lia e aos poucos seus olhos se fechavam. Algum estranho aconteceu. Gegê se viu em Brownsea, olhou no relógio e viu que era vinte e nove de julho a data do inicio do acampamento.

                           Ele não estava acreditando. A ilha era comum, parecia muito com a ilha da Carlinga de sua cidade. Viu os meninos chegando. Contou um por um, não eram mais dezoito. Ele contou vinte! O tempo estava afirme. Alguém recebia os meninos e pelas fotos ele reconheceu Sir Percy Everett um amigo de BP.  Ele sabia que a ilha era pequena, menos de três quilômetros por um e meio. Claro tinha muitos bosques, dois lagos e que BP dizia ser um bom terreno Escoteiro.

                          Gegê não estava acreditando. Ninguém o via. Mesmo chegando perto era por eles ignorado. Sabia que cada menino participante levou todo o material pedido e que sabiam de cor e salteado os nós direito, escota e volta do fiel. Gegê se lembrava do que tinha lido, pois o convite que ele enviou foi aceitos com entusiasmo. Os pais se orgulhavam dos filhos participarem com um herói de Mafeking como era conhecido na Inglaterra. Lá estava também seu amigo de armas, o Major Keneth McLaren que ficou como seu assistente.

                         Nossa! Que vontade de ser visto por eles, de participar de uma das patrulhas. Não importava qual. Poderia ser os Corvos, os Lobos, os Maçaricos ou os touros. Viu que os monitores já tinham sido escolhidos e eram responsáveis por tudo que faziam no campo. Sabiam que BP solicitou que a eficiência e a coragem fosse ponto de honra. Ele sabia que os meninos não usavam uniformes. Viu que cada um recebeu as fitas de Patrulhas com suas cores que ficaram para sempre como símbolo daquelas patrulhas.

                        Gegê estava embasbacado. Era tudo real. Viu o treinamento de Técnicas de Acampamento, observação, artes mateiras e como ele era desenvolvido. Assistiu BP contar para eles como era um bom rastreador. No Fogo de Conselho ele mostrou como seguir pistas a noite. No dia seguinte (cada Patrulha tinha uma barraca) BP adestrou os monitores e assim o acampamento seguia seu rumo. Gegê lembrava que ele mais tarde comentou que dar responsabilidade ao Monitor, foi o segredo do sucesso da atividade.

                          Gegê olhava e aprendia. Construção de abrigos, fazer colchões, acender fogo, cozinha mateira e se divertiu com os jogos que eles fizeram. Eu queria tanto estar com eles dizia.  O que ele mais gostou foi jogo "Caça ao Urso" - Um dos rapazes maiores é o urso e tem três bases nas quais ele pode se refugiar e estar a salvo. Ele leva um pequeno balão de borracha cheio de ar nas costas. Os outros rapazes estão armados com bastões de palha amarrados por um cabo (ou jornal enrolado) e com os bastões procuram fazer estourar o balão, enquanto o urso está fora da base. O urso tem um bastão semelhante com o qual procura tirar os chapéus dos caçadores. Se isto acontecer o caçador está morto, mas o balão do urso tem de ser arrebentado para que ele seja considerado morto.

                                   Gegê estava vibrando com tudo aquilo. O bivaque feito só pela Patrulha foi sensacional. Mas as Atividades Práticas da Natureza foram fora de série. Relatórios de observação da natureza - “Envie suas Patrulhas para descobrirem por observação e relatarem depois, coisas como esses: Como o coelho silvestre cava sua toca? Quando um grupo de coelhos é assustado, um coelho corre apenas porque os outros correm ou olha ao redor para ver qual é o perigo, antes de também correr? Um pica-pau tira a casca para apanhar os insetos no tronco da árvore, ou apanha-os pelo buraco, ou como é que os acompanha? etc.”.

                                   Gegê viu que Baden Powell era um esplêndido contador de estórias. Tinha um espantoso estoque de anedotas sobre os heróis de todos os tempos. Para seu próprio uso, ele havia criado um código de ética, baseado nos códigos dos Cavaleiros do Rei Arthur e nas suas próprias reflexões. Agora ele pode procurar instilar nos rapazes os mesmos ideais, contando-lhes as façanhas dos heróis admirados pelos jovens e imprimindo em suas mentes a ideia de “Boa Ação Diária”.

                                         Gegê procurou um lugar junto a todos e assistiu o melhor debate que BP que teve nesta ocasião com os rapazes. Foi alí que viu cristalizar o seu pensamento e a formular um código aceitável para os rapazes: A Lei e a Promessa Escoteira. Ele experimentou jogos que lhe pareciam capazes de por em relevo e dar expressão prática aos traços de caráter que ele desejava que os rapazes possuíssem. Ele pôs à prova a lealdade e a esportividade deles em jogos de equipe com regras estritas. Pôs à prova a coragem deles com alguns golpes e chaves simples de jiu-jitsu, e a disciplina e obediência num jogo em botes - a caça à baleia.

                                         Gegê queria intervir queria participar, mas não podia. Alguém o balançava e ele assustado e tremendo acordou com sua mãe o chamando para dormir. Gegê queria chorar. Perdera a melhor oportunidade de sua vida, pois queria muito ver os olhares de todos quando o acampamento terminasse. Mas Gegê sabia que ele agora era esperar outro sonho. Poucos muito poucos poderiam dizer que viram boa parte do primeiro acampamento dos escoteiros no mundo. Mesmo em sonhos.

                                          Gegê viu. Contar para quem? O sonho de Gegê morreria com ele, Ninguém acreditaria. Mas isto importava? Para Gegê não. O que os outros pensassem dele não tinha nenhuma importância. Sabia que muitos gostariam de estar em seu lugar, e só ele teve esta oportunidade. Nunca deixaria de ser o Escoteiro sonhador. Sonhar é viver novamente e acreditar que o mundo pode se modificar. Os sonhos de Gegê pelo menos na sua inocência poderiam mudar o mundo!

Sonhe Gegê, Sonhe!

E quem quiser que conte outra...

Nunca se afaste de seus sonhos. Porque se eles forem, você continuará vivendo, mas terá deixado de existir.
Mark Twain

Era uma vez... Em uma montanha bem perto do céu...

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